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Presidente iraniano busca eleger genro

Mahmoud Ahmadinejad, cuja vitória em 2009 foi atribuída pela oposição a fraudes, não pode concorrer de novo

Ele ameaça revelar segredos do regime caso o seu aliado seja vetado por órgão ligado ao líder supremo do Irã

SAMY ADGHIRNI DE TEERÃ

A eleição presidencial iraniana, em 14 de junho, apontará o sucessor de Mahmoud Ahmadinejad, líder polêmico que não só atraiu a hostilidade do Ocidente como também deflagrou a maior crise interna na história da república islâmica.

Impedido de concorrer devido à limitação de dois mandatos seguidos, Ahmadinejad deixou clara a intenção de emplacar um aliado na Presidência após deixar o cargo, levando facções ultraconservadoras rivais a unir-se contra esse projeto.

A queda de braço acirra o nervosismo às vésperas do primeiro pleito presidencial após a reeleição supostamente fraudulenta de Ahmadinejad, em 2009, que havia gerado uma onda de revolta reprimida com violência.

O presidente busca eleger seu chefe de gabinete e genro, o controverso Esfandiar Rahim Mashaee. Especula-se que o plano consista em manter Mashaee na Presidência até a volta de Ahmadinejad, em 2017.

No entanto, o aliado do presidente só poderá concorrer se for aprovado pelo órgão encarregado de avaliar, a partir de maio, as credenciais ideológicas dos candidatos.

Em tese, a candidatura de Mashaee tem poucas chances de ser aceita devido à objeção do líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, que tem forte influência sobre o órgão eleitoral do país.

RUPTURA

Mashaee é o pivô da ruptura entre o clã presidencial e o líder supremo, que havia endossado a reeleição de Ahmadinejad, há quatro anos.

Khamenei e seus aliados no Legislativo e no Judiciário acusam o chefe de gabinete da Presidência de ter uma agenda oculta para liberalizar o país e aproximá-lo dos inimigos externos. Mashaee defende ideias nacionalistas (em vez de religiosas) e já declarou que considera israelenses "um povo amigo".

"Ahmadinejad [e seus aliados] estão se se tornando uma ameaça ao regime", alertou Nasser Shabani, comandante da Guarda Revolucionária, força militar de elite.

Os inimigos do clã presidencial, liderados pelo líder do Parlamento, Ali Larijani, articulam uma campanha contra Ahmadinejad, num embate público cada vez mais tenso.

Recentemente, o Judiciário confirmou a condenação à morte de quatro empresários supostamente próximos do presidente sob acusação de corrupção e fraudes bilionárias. A sentença ainda não foi aplicada.

No início do mês, pressões derrubaram o nono ministro apontado por Ahmadinejad. Em 2012, o presidente foi intimado a justificar no Parlamento sua suposta má gestão e quase sofreu impeachment.

Ahmadinejad contra-atacou divulgando um vídeo que mostra um de seus rivais pedindo propina a um assessor presidencial em troca de apoio.

Ahmadinejad, confiante na sua popularidade adquirida graças a programas sociais, ameaça revelar segredos comprometedores para o regime caso a candidatura de Mashaee seja rejeitada.

Num desafio ao líder supremo, que proibiu questionamentos à lisura do pleito, o presidente vem cobrando "eleições livres".

Ahmadinejad também alertou para o risco de a votação ser "orquestrada", o que foi ironizado pelos críticos que o acusam de ter se beneficiado de fraudes no processo eleitoral de 2009.

Há duas semanas, simpatizantes de Ahmadinejad atiraram objetos contra Larijani, impedindo que ele discursasse pelo 34º aniversário da revolução islâmica.

DILEMA

Apesar da ojeriza ao presidente, a frente ultraconservadora vive um dilema.

Se o pleito for estrito a candidatos alinhados com o líder supremo, isso garantiria um futuro presidente mais dócil, mas geraria pouco comparecimento às urnas.

Se o leque dos concorrentes for estendido, a participação popular seria maior, atendendo a ambição do regime de reforçar sua legitimidade, mas isso poderia fragmentar o voto e aumentar o risco de contestação.


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