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Missão é eleger chavista, diz chefe militar
Diego Molero, titular da pasta da Defesa, afirma que Forças Armadas trabalharão por vitória de Nicolás Maduro
Oposição protesta e vê interferência; herdeiro político do chavismo assumiu interinamente; eleição ocorre em 1 mês
Apenas horas depois do anúncio da morte de Hugo Chávez, o ministro da Defesa da Venezuela, Diego Molero, provocou a ira da oposição ontem ao prometer que as Forças Armadas do país vão trabalhar para eleger o herdeiro escolhido pelo esquerdista, o atual presidente interino Nicolás Maduro.
O pronunciamento foi feito na TV oficial venezuelana. "Agora mais que nunca o povo venezuelano e a Força Armada Nacional Bolivariana devem estar unidos para chegar ao objetivo ou à missão que ele [Chávez] nos encomendou, que é levar nosso atual vice-presidente da República, Nicolás Maduro, a ser o próximo presidente eleito de todos os venezuelanos", disse o almirante Molero.
A oposição, em nota, reagiu: "Quando a Venezuela inteira quer unidade e paz e um clima de respeito predomina, contrastam por inaceitáveis as declarações do ministro que, além de falsas, são inconstitucionais", disse Ramón Guillermo Aveledo, secretário-executivo da MUD, a coalizão que reúne os partidos da oposição.
O alinhamento da cúpula das Forças Armadas ao projeto socialista não é novo, mas é considerado um dos legados institucionalmente mais delicados dos 14 anos de chavismo.
MADURO INTERINO
Integrantes da oposição protestam também pela solução legal que transformou o vice Maduro em presidente interino -ontem ele assinou seu primeiro decreto com o novo status- até as novas eleições presidenciais.
O governo diz que elas acontecerão em 30 dias, conforme diz a Constituição, mas não divulgou data. A nova votação dependerá da capacidade técnica de organização do CNE, a autoridade eleitoral, mas a aposta dos analistas é que não deve demorar, já que o clima de comoção com a morte de Chávez favorece os governistas.
De acordo com a Carta, em caso de morte de um presidente eleito que não tomou posse, como era o caso de Chávez, é o presidente da Assembleia Nacional, o chavista Diosdado Cabello, e não o vice, quem deve ficar na Presidência interinamente.
O governo, no entanto, chancelado por decisão da principal corte do país em janeiro, segue a tese que diz que há "continuidade administrativa" entre os dois mandatos de Chávez e, portanto, não há por que o chefe do Legislativo assumir.
Enquanto deputados oposicionistas mais radicais, como Maria Corina Machado, e alguns constitucionalistas insistem que Cabello ocupe a Presidência interina, outra ala da oposição escolhe um caminho mais pragmático de acatar Maduro no cargo.
O raciocínio é que pouco vale estrilar já que o TSJ (Tribunal Supremo de Justiça) é alinhado ao chavismo.
Para esses dirigentes, a oposição deve focar na preparação de sua candidatura presidencial. O provável nome é o governador de Miranda, Henrique Capriles.