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O novo Papa

Ex-subordinado diz que Francisco mudará igreja

Padre coordena paróquia a qual Jorge Bergoglio visitava regularmente

"Ele é progressista sobretudo em questões relacionadas à imagem da igreja, aos gestos, à atitude", diz De Vedia

SILVANA ARANTES ENVIADA ESPECIAL A BUENOS AIRES

Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco, é "conservador e progressista", segundo afirma o religioso argentino Lorenzo De Vedia, conhecido como padre Toto.

No sacerdócio desde 1991, De Vedia, 46, conviveu com o cardeal Bergoglio na condição de seu subordinado.

O padre coordena a paróquia da Villa 21, favela no sul de Buenos Aires que abriga aproximadamente 45 mil habitantes e onde Bergoglio fazia visitas regulares para acompanhamento dos fiéis e das obras sociais ali desenvolvidas.

"Ele é progressista sobretudo em questões relacionadas à imagem da igreja, aos gestos, à atitude", declarou De Vedia à Folha e a um diário italiano em seu escritório, contíguo à Capela da Virgem dos Milagres de Caacupé, uma das oito com que conta a favela.

Se é progressista quanto à imagem, Bergoglio é "clássico, mais até do que conservador", afirma o padre argentino, em temas cujo debate mobiliza a opinião pública em boa parte do planeta, como aborto, união homossexual e igualdade de gênero.

Embora defina Bergoglio como "clássico" em muitos temas, De Vedia diz também considerá-lo como "alguém muito aberto, que, por exemplo, repreendeu padres que negavam o batismo a filhos de divorciados".

Na opinião de De Vedia, o papa Francisco imprimirá mudanças e avanços no Vaticano, mas ele julga "ingênuo esperar algo mágico" de seu papado, já que a igreja obedece "aos tempos históricos, em que as mudanças são muito mais lentas do que se pode querer".

Além de estar atrelada ao ritmo do tempo histórico, a Igreja Católica também não se desassocia das conjunturas políticas, assinala.

"CONFUSÃO"

O religioso conta ter tido o apoio de Bergoglio para uma iniciativa na fronteira entre a política e religião.

"Certa vez, eu tive a ideia de instalar uma barraca missionária na praça Constitución (uma das principais da cidade de Buenos Aires)", diz o padre.

Acampamentos com barracas são recurso comum aos grupos de protesto na cidade, sendo alguns deles permanentes.

De Vedia diz que obteve o sinal verde de Bergoglio com a frase: "Vá em frente. É preciso criar confusão".

A interpretação que o padre oferece para a expressão "criar confusão" dita por Bergoglio é a de que "a igreja não tem que controlar as pessoas, tem de acompanhá-las".

Para De Vedia, a eleição do argentino como papa "corrobora a convicção e dá força internamente" aos que, como ele, têm em seu estilo pastoral "inclinação para viver em ambientes populares".

Quanto à "opção pelos pobres" enfatizada pelo papa, De Vedia acha que não deveria "ficar reduzida a alguns setores, mas sim se estender por toda a igreja".


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