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Análise

Imprensa londrina se divide ao meio sobre regulação

NELSON DE SÁ DE SÃO PAULO

ENTRE AS VITÓRIAS, O FATO DE JORNAIS ESTABELECEREM OS CÓDIGOS DE CONDUTA

A capa do "Sun" apelou ontem ao ex-primeiro-ministro Winston Churchill, morto em 1965, para uma apaixonada defesa da imprensa livre, "guardiã dos direitos dos homens livres", "inimiga mais perigosa da tirania".

Era um derradeiro esforço do tabloide do magnata Rupert Murdoch contra a aprovação de um órgão regulador da mídia pelos parlamentares britânicos, o que foi confirmado no fim do dia.

As ações criminosas de outro tabloide de Murdoch, o dominical "News of the World", que ele optou por fechar dois anos atrás, acabaram com o sistema vigente até então no Reino Unido, de um órgão autorregulador.

Em contraponto a Churchill, o dramaturgo Tom Stoppard escreveu no "Independent" contra os que "persistem no sonho de autorregulação" na imprensa britânica -dizendo que, "bem, eles tiveram e, durante décadas, acabaram com ela".

Em quatro meses de debate sobre o que fazer com a regulação da imprensa, os jornais londrinos acabaram se dividindo ao meio.

De um lado, os conservadores "Daily Telegraph" e "Daily Mail", além do "Sun". Do outro, os esquerdistas e os liberais, como "Guardian" e "Financial Times", além do "Independent".

No editorial que publica hoje, o "FT" lamenta que uma lei, indiretamente, sustente o novo sistema de regulação, o que dá a ele uma base legal ou seja, um caminho para intervenção estatal.

Mas de resto vê qualidades no novo órgão, inclusive no fato de ser independente, com integrantes que não precisam de aprovação da imprensa. Também o "Guardian" destaca a independência, em seu editorial, como prerrogativa para a credibilidade do novo órgão.

No toma lá dá cá parlamentar, os três grandes partidos saíram contando vitórias (e escondendo derrotas) e o mesmo, na verdade, podem fazer os jornais.

Entre as vitórias, o fato de estabelecerem os próprios códigos de conduta. E talvez a mais significativa, anotada pelo "FT": o abandono, pelos parlamentares, dos projetos de endurecimento da legislação de indenizações.

Ao fundo, o maior grupo de pressão por um sistema mais rigoroso de regulação, o das vítimas grampeadas pelo "News of the World", chamado Hacked Off, também tinha o que comemorar e lamentar no acordo.

No dizer do "Guardian", os poucos que ainda resistem ao novo sistema, caso do "Sun", estão presos em um discurso de "hiperventilação".


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