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Chipre pede socorro aos russos e prorroga fechamento de bancos
Parlamento rejeitou taxa sobre depósitos, condição para receber ajuda de € 10 bilhões
O governo de Chipre prorrogou o feriado bancário no país até terça-feira e pediu ajuda à Rússia para tentar evitar a imposição de medidas drásticas de austeridade em troca de um pacote de € 10 bilhões da União Europeia -os credores internacionais do país exigem € 5,8 bilhões.
Anteontem, o Parlamento da ilha no mar Mediterrâneo rejeitou -com 36 votos contra, 19 abstenções e nenhum a favor- a cobrança de impostos sobre depósitos bancários privados, condição da UE para liberar o dinheiro.
O país estendeu ainda mais o feriado bancário, que deveria acabar hoje, na tentativa de evitar que correntistas acorram em massa aos bancos. O porta-voz do governo, Christos Stylianides, afirmou que um "plano B" está sendo estudado, sem dar detalhes.
O deputado Marios Mavrides disse à agência Reuters que uma das opções em debate é nacionalizar fundos de pensões de companhias com participação do governo. Também se discute emitir títulos com base em ativos estatais, incluindo receitas futuras da exploração de gás.
O Ministério das Finanças da Rússia informou que os cipriotas pediram juros menores e prorrogação por cinco anos de um contrato de € 2,5 bilhões -além de um novo empréstimo, de € 5 bilhões.
O interesse russo deve-se ao fato de muitos indivíduos e empresas do país terem contas em Chipre, considerado paraíso fiscal, com baixas taxas sobre o capital externo.
UE X RÚSSIA
Ontem, o primeiro-ministro da Rússia, Dmitri Medvedev, comparou o modo como a União Europeia está lidando com o caso de Chipre ao comportamento de "um touro numa loja de porcelana".
Medvedev também atacou a proposta de taxar depósitos em bancos cipriotas, que afetaria diretamente investidores russos, classificando-a de "confisco" à moda soviética.
O Banco Central Europeu, porém, não deu sinais de afrouxar exigências. "Só podemos oferecer dinheiro de emergência a bancos solventes. Sem decisão sobre o programa de ajuda, não podemos supor que os bancos de Chipre estejam nessa situação", disse Jörg Asmussen, negociador do BCE para o país.