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New York Times

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Dupla de estilistas traz novidades à grife de Valentino

Por ERIC WILSON

PARIS - O lugar era o salão de recepções da mansão de Salomon de Rothschild. Sentados em uma mesa elegante, estavam os estilistas que assumiram a direção da grife Valentino no final de 2008, Maria Grazia Chiuri e Pierpaolo Piccioli. A festa promovida na mansão durante a Paris Fashion Week celebrou a reabertura da loja Valentino na avenida Montaigne, depois de ela ter passado por uma reforma para refletir a visão dos dois novos criadores.

Ao lado, estavam Valentino Garavani e seu sócio, Giancarlo Giammetti, os responsáveis por tornar o nome Valentino mundialmente conhecido. Os convidados parabenizaram os estilistas pela coleção de outono, inspirada em telas de mestres da pintura flamenga. "Eles ficam melhores a cada temporada", comentou Elisabeth von Thurn und Taxis, editora-chefe de estilo da "Vogue", aludindo a Chiuri e Piccioli. "Mas deve ser difícil trabalhar com uma lenda viva."

Valentino Garavani tem 80 anos e continua no centro das atenções desde que se aposentou, em 2008. Naquele ano, o documentário "Valentino, o Último Imperador" o divulgou junto a uma nova geração.

Recentemente, Valentino e Giammetti estiveram em todas as principais festas do circuito do Oscar em Los Angeles, ao mesmo tempo em que a empresa procurava atrair celebridades com vestidos criados por Chiuri e Piccioli para o tapete vermelho. Houve dois sucessos, com Sally Field e Jennifer Aniston, e um constrangimento, com Anne Hathaway.

Quando assumiram a direção da coleção, Chiuri e Piccioli foram descritos como sendo "muito Valentinos". Tendo criado acessórios para a grife por uma década, conheciam os códigos da "maison".

Substituir qualquer estilista é como caminhar numa corda bamba, mas tomar o lugar de Valentino é como se equilibrar num fio quase invisível. Chiuri e Piccioli vêm dando conta do desafio melhor do que se poderia imaginar. Suas coleções mais recentes incluíram criações de aparência frequentemente régia e conservadora -como vestidos de igreja, com golas altas, mas com detalhes minuciosos ou rendas florais-, e eles começam a conquistar respeito por seu próprio trabalho. As criações não se parecem em nada com as da Valentino de tempos atrás, e ninguém está se queixando.

O desfile em 5 de março incluiu um vestido inspirado na louça fina de Delft, feito de cinco metros de tecido, tendo cada metro exigido 28 horas de trabalho manual, numa mostra de como os estilistas buscaram imprimir um tom de alta-costura a seu "prêt-à-porter". "O que eles estão fazendo é maravilhoso", comentou Valentino. "É assim que o futuro da Valentino vai poder ser moderno."

Como escreveu a crítica de moda do "New York Times", Cathy Horyn, a respeito da coleção de alta-costura de primavera dos estilistas, Chiuri e Piccioli são "autocríticos e exigentes".

Eles não se queixam do perfil público perene de Valentino Garavani na "maison" Valentino, comprada em julho pelo grupo de investidores Mayhoola, do Qatar. A presença do estilista aposentado cumpre uma função. "Amamos a moda mais do que amamos o estilo de vida da moda", disse Piccioli.

A amizade entre Chiuri, 49, e Piccioli, 45, começou no final dos anos 1980, em Florença, na época em que a cidade era um centro de moda internacional. Quando Chiuri foi convidada para trabalhar na Fendi, pediu que Piccioli a acompanhasse. Mais de 20 anos mais tarde, eles se comparam a "um casal que está junto há muitos anos". Com frequência, se vestem de modo idêntico, mas cada um tem sua vida conjugal e familiar própria.

Em Roma, eles dividem uma sala de trabalho, com duas mesas, dois computadores (um de frente para o outro) e apenas um telefone. São descritos internacionalmente como MGPP. Cada um deles tem dificuldade em dizer "não" às ideias do outro. A "Women's Wear Daily" escreveu que a coleção de outono deles "poderia ter se beneficiado de menos looks, por mais que todos fossem belíssimos".

As vendas da Valentino melhoraram, chegando a US$ 510 milhões em 2012, e há uma linha revitalizada de moda masculina. "Não estamos tentando fazer moda à maneira tradicional", explicou o executivo-chefe, Stefano Sassi. "Precisamos ser mais icônicos, não apenas com os vestidos vermelhos ou de noite, mas porque isso é uma maneira de declarar quem somos."

Mas a Valentino não seria a Valentino sem o glamour.

O jantar em Paris teve a presença de Anne Hathaway, membro de longa data da "família" Valentino. A atriz ofendeu algumas pessoas com sua decisão de último minuto de dar preferência a um vestido Prada na cerimônia do Oscar. Surpreendentemente, Chiuri e Piccioli, criadores do vestido rejeitado, apoiaram sua decisão. "O que procuramos dizer, como estilistas, é que a beleza é o que você sente no momento", explicou Piccioli. "Respeitar as mulheres quer dizer respeitar as escolhas delas."


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