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New York Times

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Companhia de dança ressurge no Harlem

Por GIA KOURLAS

Nos primeiros dias da Dance Theater of Harlem, seus membros, encarregados de provar que bailarinos negros podiam dominar o balé, precisaram de certa coragem. "Era um grupo de jovens bailarinos que saía carregando seus próprios refletores, fazia palestras-demonstrações e começava a se apresentar", disse Laveen Naidu, 45, a diretora-executiva da companhia.

Essa imagem combativa serviu bem a Virginia Johnson. A diretora artística da Dance Theater of Harlem -e sua bailarina principal durante 28 anos-, Johnson, 63, lembrou desse começo humilde na última primavera, quando organizou testes para o renascimento da companhia de Nova York, que havia entrado em recesso em 2004, quando anunciou dívidas de US$ 2,3 milhões. Como disse Johnson, ela tinha estrelas em seus olhos. Mas ia ter uma surpresa.

"Fiquei realmente chocada com o pequeno número de afro-americanos que fizeram o teste", disse. "Pensei em Arthur Mitchell com toda a mistura de bailarinos que o procuraram em 1969 e que ele teve de transformar em uma companhia. Eu disse: 'Está bem, é a mesma coisa de novo, é ótimo'. Na verdade, foi mais empolgante do que pegar bailarinos de alto nível e formar com eles uma companhia. Significava que tínhamos de ter novamente aquela coragem."

A Dance Theater of Harlem, formada por Mitchell e Karel Shook, assumiu a missão inovadora de treinar e de apresentar ao mundo bailarinos negros de balé clássico. Durante anos, a companhia foi mais que uma trupe pujante em turnê internacional. Ela mostrou que o balé não era mais um domínio exclusivo de brancos. Apesar disso, mesmo décadas depois que Mitchell decidiu expor as crianças do Harlem à dança, bailarinos negros ainda são raros nas companhias estabelecidas.

Johnson disse que compreende que talvez o longo recesso da Dance Theater tenha podado as ambições de jovens bailarinos negros. Com tão poucos bailarinos de fora para aproveitar, ela decidiu visar os membros da Dance Theater of Harlem Ensemble -uma companhia júnior que serviu como a entidade da companhia em apresentações durante o intervalo.

"A cultura afro-americana é uma veia que percorre a organização. Não queremos que isso desapareça, mas não quero uma companhia somente negra", disse Johnson.

Ela acrescentou: "Essa forma de arte pertence a todos".

A reviravolta na Dance Theater é o resultado da adoção de um plano de cinco anos iniciado em 2010. Em fevereiro, a organização tinha reduzido sua dívida para US$ 644 mil. Naidu disse que o objetivo é manter a companhia na faixa de US$ 5 a US$ 5,5 milhões, levantando de US$ 3,3 a US$ 3,6 milhões por ano.

Com o advento em 2010 da Harlem Dance Works 2.0, um laboratório coreográfico, Johnson começou a criar um repertório. Três das obras desta temporada vêm daquele programa, incluindo "Lark Ascending", de Alvin Ailey, que será apresentada nas pontas dos pés.

"Tem a ver com voo", disse Johnson. "Os movimentos iniciais são tão sustentados, tão aéreos...É claro que fazer isso em sapatilhas de ponta pode machucar, mas fica tão lindo..."

Ingrid Silva, 24, que conheceu a dança nas favelas do Brasil, disse sobre Johnson: "Ela trabalha de modo incrível. Não apenas para lhe dizer o que deve fazer -ela quer que você se descubra como artista". Para Johnson, tudo volta à pergunta: o que é a companhia?

"É uma mensagem", disse ela. "Os bailarinos estão respondendo bem ao fato de que são portadores da ideia de que você pode fazer alguma coisa de si mesmo."


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