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New York Times

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Pacto EUA-UE enfrenta obstáculos

Por STEVEN ERLANGER

PARIS - Os líderes da União Europeia, desesperados para promover o crescimento econômico, estão pressionando por um acordo comercial com os Estados Unidos. No entanto, muitos especialistas dizem que há obstáculos consideráveis no caminho.

Autoridades veem o pacto -chamado Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP, na sigla em inglês)- como uma forma de conter a crescente influência da China e da Índia na economia global.

Mas os EUA estão priorizando um acordo semelhante com países asiáticos, especialmente o Japão. Os problemas a serem superados pelo TTIP incluem disputas envolvendo alimentos geneticamente modificados, frangos higienizados com cloro e divergências regulatórias acerca de segurança veicular, produtos farmacêuticos e derivativos financeiros.

Novas preocupações a respeito da espionagem americana em ligações telefônicas e na internet tornaram ainda mais ásperas as discordâncias sobre a privacidade de dados.

No entanto, as autoridades dizem esperar que o acordo seja concluído até novembro de 2014. Numa reunião do G8 na Irlanda, foi anunciado que a primeira rodada de discussões acontecerá em julho em Washington.

"Feito adequadamente, o TTIP é uma coisa boa. Porém, há interesses profundamente entrincheirados em ambos os lados do Atlântico. Eles sempre vão lutar com mais força para manter o que têm em vez de conseguirem algo novo", disse Douglas Elliott, pesquisador sênior de economia no Instituto Brookings, de Washington. "Haverá pequenos benefícios para muita gente, mas grandes perdas em certos setores."

Há "talvez uma chance em três de que o TTIP aconteça", disse Elliott. "E uma em três é [uma avaliação] otimista. Entretanto, o desejo de obter algum crescimento econômico pode se sobrepor a alguns problemas econômicos sérios."

Com o fracasso da Rodada Doha (da Organização Mundial do Comércio) em realizar um pacto comercial, um acordo EUA-UE poderia estabelecer parâmetros regulatórios para o resto do mundo. Essa é uma das razões que deixam a China particularmente receosa com o TTIP e que fazem Pequim continuamente desmerecer a União Europeia como ente político.

Recentemente, quando a Comissão Europeia decidiu impor novas taxas sobre painéis solares chineses, após acusações de dumping, a China respondeu agressivamente. O "Diário do Povo" escreveu que "as mudanças de época e as alterações de poder não conseguiram alterar a atitude condescendente de alguns europeus".

Embora tenha dito que não deseja uma guerra comercial, a China ameaçou fazer uma investigação antidumping sobre o vinho europeu, o que pode levar a restrições na importação de um produto cada vez mais popular entre a rica população urbana da China.

Para uma União Europeia enfraquecida pela crise do euro, está se firmando a visão de que a melhor forma de competir com o crescimento da Ásia é forjar uma parceria com os Estados Unidos.

O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, impulsiona o pacto. "Acredito que as negociações comerciais UE-EUA sejam um divisor de águas e possam ser o começo de uma nova era", disse ele recentemente. "Elas irão intensificar ainda mais a relação econômica entre os Estados Unidos e a União Europeia."

A União Europeia e os Estados Unidos ainda respondem por quase um terço do comércio global.

O comércio entre os EUA e os 27 países da UE alcançou US$ 646 bilhões em 2012, mais do que o comércio bilateral dos EUA com a China. A Comissão Europeia diz que o TTIP permitiria que as empresas europeias vendessem US$ 250 bilhões adicionais em produtos e serviços por ano para os EUA.

Os principais problemas são as diferenças nas exigências alfandegárias e em outras regulamentações. Em geral, disse Elliott, os reguladores europeus "têm uma abordagem mais cautelosa que os americanos e precisam provar a segurança em vez de refutar argumentos sobre por que alguma coisa é insegura".

Dentro da Europa, permanecem as divisões sobre o que negociar. A Bélgica parece estar se alinhando à França na defesa da produção audiovisual doméstica, em nome da diversidade cultural.

Uma questão central para a França e seus aliados é o "controle do espaço digital e as implicações da evolução da economia digital para o futuro", disse um importante diplomata da UE, que pediu anonimato para não atrapalhar as negociações internas.

Mas a maioria das demais autoridades comerciais quer dar carta branca à Comissão Europeia para negociar, na esperança de abrir setores americanos protegidos, como o transporte de cargas ao longo da costa dos EUA e o mercado de compras governamentais.

Barroso gostaria que as negociações terminassem antes que uma nova Comissão Europeia seja eleita, no final de 2014. Mas um acordo pode levar anos, o que abala parte do urgente apoio europeu, fundado sobre os benefícios para o crescimento econômico e a geração de empregos.

Mircea Geoana, ex-chanceler e ex-embaixador da Romênia em Washington, talvez seja quem melhor resumiu a visão interna da UE: "Estrategicamente, precisamos manter a América e a Europa juntas", disse ele. "Na prática, vai ser muito difícil."


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