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New York Times

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Bento 16 impulsiona sapatarias

Por DAMIEN CAVE

LEÓN, MÉXICO - Quando o papa Bento 16 abdicou de seu posto, em fevereiro, o Vaticano foi bombardeado por perguntas exasperantes, incluindo uma que poderia parecer estranhamente banal: manteria ele os sapatos vermelhos que marcaram seu pontificado?

A resposta simples era não. O papa que se aposentava estava muito satisfeito com os mocassins marrons artesanais que ganhou em León durante uma visita em 2012 ao México. Eles seriam o calçado escolhido para sua aposentadoria.

Armando Martín Dueñas, sapateiro da terceira geração que comanda a Ackerman, empresa de 56 funcionários que fabricou os dois pares, ainda se deslumbra com o poder dessa recomendação. Sua fábrica cresceu quase 30%, e o orgulho parece ter sido devolvido à cidade que há 400 anos é a capital mexicana do couro e do calçado.

"Isso fortaleceu todo o setor", disse Martín, 45. "Nossos produtos estão agora sendo aceitos no mundo todo."

Não muito tempo atrás, a cidade de 1,2 milhão de habitantes, localizada numa área do planalto central mexicano mais conhecida pela mineração, a emigração e o catolicismo, sentia-se perseguida.

Cerca de 70% dos calçados fabricados no México são produzidos em León e arredores. Durante protestos em 2008 contra planos do governo para cortar tarifas que protegiam o setor, sapateiros seguraram cartazes pedindo proteção da Virgem Maria contra a China e seus produtos baratos.

Alguns representantes de vendas ainda dizem que os fabricantes asiáticos estão atrapalhando suas atividades, mas o setor em geral não parece mais estar em queda livre.

Mesmo depois de um corte significativo nas tarifas de importação, em 2011, o setor calçadista no Estado de Guanajuato, onde fica León, manteve um sólido crescimento em torno de 5% ao ano, segundo sua associação de fabricantes de calçados.

As exportações para os EUA vêm crescendo acima de 10%, já que muitas marcas conhecidas dos americanos estabeleceram operações na área.

"Irapuato tem morangos, Toluca tem linguiças, mas aqui em León temos os sapatos, sempre os sapatos", disse o sapateiro Jorge Calbillo, 35, da fábrica Villalpando Boots.

Para Martín, fabricar sapatos para o papa foi apenas uma tentativa de ser cordial e mostrar o México sob uma luz diferente: não o país enfermo pela violência e pela corrupção, mas um país de talento em um ofício familiar para os moradores de Roma.

A resposta inicialmente foi limitada. Aí veio a notícia da aposentadoria -e dos mocassins marrons. Quando eles se tornaram um sucesso de público, a demanda disparou. Martín disse receber telefonemas e e-mails de todo o mundo solicitando os sapatos.

Ele agora estuda o tamanho do pé e o estilo do papa Francisco para criar o par ideal para o sucessor de Bento 16.

Os calçados mais populares da fábrica são vendidos a cerca de US$ 230 o par. Já o preço dos mocassins pontifícios foi entregue a Deus.


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