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New York Times

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Em declínio, BlackBerry busca salvação com novo aparelho

Empresa reagiu com lentidão aos produtos da Apple

Por IAN AUSTEN

Como inúmeras empresas de ponta que conquistaram e perderam fama e dinheiro, a BlackBerry sumiu com notável rapidez. Após anos de declínio nas vendas, a empresa está explorando "opções estratégicas" -eufemismo empresarial para dizer que está atrás de um salvador.

Por enquanto, poucos parecem interessados em comprar a BlackBerry ou mesmo seus produtos mais recentes. "Adquirir a BlackBerry é necrofilia", disse Jean-Louis Gassée, ex-executivo da Apple que foi presidente da PalmSource, uma frustrada tentativa de transformar a Palm, outrora líder na computação portátil, em uma empresa de software. "A marca BB está maculada."

O abrupto declínio da BlackBerry ilustra como investidores e consumidores de tecnologia exigem mudanças quase instantâneas hoje em dia.

Há quatro anos, a BlackBerry detinha 51% do mercado de smartphones na América do Norte. Mike Lazaridis, cofundador da BlackBerry que era então um dos executivos-chefes e presidentes da empresa, prometia um futuro ainda mais brilhante.

Mas então a BlackBerry reagiu com lentidão aos novos aparelhos iPhone e Android, com grandes telas sensíveis ao toque, múltiplas câmeras e centenas de milhares de aplicativos para escolher. Os aparelhos BlackBerry continuavam sendo basicamente os mesmos, a maioria com meias telas e um teclado físico.

Agora, a empresa tem 3,4% do mercado, e Lazaridis foi embora.

O conselho de gestão da BlackBerry e seu atual executivo-chefe, Thorsten Heins, retrataram sua mais recente manobra como parte de um reinício, mas poucos analistas estão comprando essa ideia.

Embora nem todos estejam tão pessimistas quando Gassée, há pouca expectativa de que a manobra da BlackBerry irá gerar bons dividendos para os combalidos acionistas da empresa.

Neste ano, a BlackBerry lançou seu maior e mais ambicioso esforço para uma guinada, com sua linha de telefones BlackBerry 10. Mas os novos aparelhos não afetaram o domínio da Apple e da Samsung sobre o mercado.

Diretores da BlackBerry não disseram especificamente por que a empresa decidiu fazer agora uma grande mudança.

Quando era uma pequena start-up canadense pioneira em smartphones, a BlackBerry demonstrava repetidamente seu poder de inovação e desafiava as previsões de que seria ultrapassada ou adquirida por concorrentes.

Como muitas histórias de decadência, a da BlackBerry tem causas complexas. Mas a chegada do primeiro iPhone, em 2007, está no centro disso. Em conversas reservadas na época, executivos e outras pessoas por dentro da BlackBerry diziam ver o iPhone mais como um aparelho inferior de entretenimento do que como um smartphone confiável.

A BlackBerry construiu sua reputação em grande parte em cima das inovações no hardware. Para os seus padrões, os primeiros modelos do iPhone eram definitivamente inferiores. O iPhone ficava bem aquém dos aparelhos da BlackBerry em áreas como vida útil da bateria e usava muito mais dados para fazer suas tarefas.

As raízes da empresa também podem tê-la deixada cega à forma como a Apple havia transformado o software, em vez do hardware, na característica definidora dos smartphones. Durante grande parte da sua história, a BlackBerry havia criado ativa e abertamente telefones que agradavam primariamente aos departamentos de tecnologia da informação de governos e corporações. Preocupações corporativas com segurança levaram, por exemplo, os celulares BlackBerry a estar entre os últimos a incorporar câmeras.

Mas a chegada do iPhone e a subsequente aquisição do Android pelo Google coincidiram com um momento em que cada vez mais empresas passaram a exigir que seus empregados comprassem seus próprios celulares. Em vez de desenvolver imediatamente um novo sistema operacional, a empresa tentou adaptar seu software. Os telefones resultantes, o Torch e o Storm, foram vistos como fracassos do ponto de vista tecnológico e mercadológico.

Quando a empresa finalmente se comprometeu a desenvolver o que seria o BlackBerry 10, o projeto foi repetidamente adiado. Os novos telefones e seu sistema operacional mostraram ser mais um incremento do que uma inovação, mas seu principal problema, segundo analistas, é que os novos aparelhos chegaram tarde demais. "A situação não seria realmente tão sombria se o BlackBerry 10 tivesse sido lançado dois anos atrás", disse Charles Golvin, analista de tecnologia do Forrester Research. "A questão agora é se tudo que compõe a BlackBerry ainda faz sentido como uma só companhia."

Colaborou Michael J. de la Merced


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