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New York Times

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Violência no Paquistão não impede sucesso de acionistas

Por DECLAN WALSH

LONDRES - Se a melhor hora para comprar, conforme o velho ditado do mundo dos negócios, é quando há sangue nas ruas, então a capital comercial do Paquistão, Karachi, oferece a oportunidade ideal para investimentos.

Há mais de uma década, a megalópole portuária com cerca de 20 milhões de habitantes é abalada pela violência política, sectária e criminosa que já ceifou milhares de vidas. No entanto, no mesmo período, o mercado de ações da cidade, que é o principal no Paquistão, tem apresentado resultados espetaculares.

Só nos últimos 12 meses, a Bolsa de Valores de Karachi teve alta superior a 47%, o que, segundo a Bloomberg, a coloca entre os mercados de ações em dólar com melhor desempenho do mundo neste ano.

Isso vem a reboque de uma década de crescimento na qual um dólar investido dez anos atrás em um fundo de ações paquistanês teria rendido, em média, 26% ao ano, segundo analistas, em um período também marcado fortemente por más notícias. Enquanto o mercado de ações estava em alta, o líder militar paquistanês general Pervez Musharraf caiu, Osama bin Laden foi morto e a violência dos taleban se difundiu do noroeste para cidades de todo o país, inclusive Karachi.

Empresas de Wall Street estão à frente da fase mais recente do boom de ações. Más notícias propiciam boas barganhas, dizem elas.

"O que se vê na imprensa popular é apenas uma parte da realidade", disse Mark Mobius, da Franklin Templeton Investments, que tem mais de US$ 1 bilhão investido em ações do Paquistão. "Há outros aspectos nesses países, onde a vida continua. É nisso que nos concentramos."

Com uma população de quase 200 milhões, o Paquistão representa um mercado lucrativo para artigos de consumo, construção e empresas de serviços financeiros, que constituem a maior parte do mercado de ações de Karachi.

As maiores empresas presentes na Bolsa -como a multinacional Nestlé, a Oil and Gas Development Company e a Fauji Fertilizer, um conglomerado dirigido por militares- pagam altos dividendos. A recente vitória eleitoral do primeiro-ministro Nawaz Sharif, magnata dos negócios, tranquilizou a comunidade financeira.

Por algum tempo, as ações paquistanesas tiveram desvalorização de 50% devido aos riscos, em comparação com um desconto regional de 20%, disse Taha Javed, analista em Karachi. Agora, com o forte interesse de investidores estrangeiros, ele explicou, "nós estamos nos recuperando visivelmente".

Ainda há, porém, embaraços que não podem ser negligenciados. Em agosto, o Fundo Monetário Internacional aprovou um empréstimo emergencial de US$ 6,6 bilhões, sendo que o Paquistão já deve US$ 5 bilhões ao FMI.

Outro problema é a segurança nos negócios. Em Karachi, cerca de 2.500 pessoas morreram de forma violenta no ano passado. Mas a carnificina se concentra em áreas da classe trabalhadora, o que permite que os ricos continuem vivendo normalmente -mediante alguns ajustes.

"A matança continua, mas não pense nisso -afinal, faz parte da vida", disse Zain Hussain, diretor-executivo da corretora de ações Taurus Securities. "Sou imune a isso, assim como a maioria dos investidores."


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