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New York Times

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Robôs diminuem custo da energia solar

Empresas tornam energia alternativa mais acessível

Por DIANE CARDWELL

RICHMOND, Califórnia - Em um pátio empoeirado sob o sol abrasador de agosto, Rover dava duro erguendo painéis solares de 20 quilos para instalá-los um por um em uma raia de concreto. Alguns metros além, seu colega Spot se concentrava em uma fileira de painéis, limpando-os da sujeira acumulada durante meses. Eles poderiam passar o dia todo executando essas tarefas.

Afinal, eles são robôs, máquinas de tecnologia surpreendentemente simples, oferecidas por uma empresa novata chamada Alion Energy, para automatizar a instalação e a manutenção de fazendas solares em grande escala.

Trabalhando com máxima discrição até recentemente, a empresa, com sede em Richmond, na Califórnia, está pronta para usar suas máquinas em três projetos nos EUA, na Arábia Saudita e na China nos próximos meses. Se tudo der certo, os executivos esperam ajudar a alinhar o preço da eletricidade solar ao do gás natural, reduzindo o custo de construção e manutenção de grandes instalações solares.

Nos últimos anos, a indústria solar comprimiu os custos enormes do desenvolvimento de fazendas, em grande parte devido a uma redução de mais de 70% no preço dos painéis solares desde 2008. Mas com os preços reduzidos ao mínimo possível, segundo os fabricantes, agora a indústria está empenhada em economizar em outras áreas. Os módulos caíram de 53%, em 2010, para 35% dos custos do sistema, em 2013, ao passo que mão de obra, engenharia e documentação subiram de 9% para 15% no mesmo período, segundo a Greentech Media, que analisa a indústria.

Apesar de tantas inovações no setor, a tarefa de montar painéis no solo pouco mudou ao longo dos anos. Em um processo caro e demorado que pode demandar centenas de mãos e milhões de parafusos, os trabalhadores limpam e nivelam o solo, instalam postes de metal e fiação e ligam os pesados módulos de vidro.

Após a instalação dos painéis, é caro mantê-los sem poeira ou vegetação, elementos que atrapalham seu pleno funcionamento. Várias empresas, incluindo a suíça Serbot, estão desenvolvendo ou vendendo robôs para ajudar na instalação ou limpeza dessas instalações.

Outra empresa novata da Califórnia, a QBotix, desenvolveu um robô que controla operações de posicionamento inclinando os painéis para seguirem o sol e maximizarem seu rendimento. Obtendo 40% mais eletricidade de cada painel do que com um sistema de inclinação fixa, os empreendedores podem construir sistemas menores e mais baratos, de acordo com sua demanda de energia, disse Wasiq Bokhari, diretor-executivo da empresa.

"O mercado solar é muito competitivo, e as pessoas literalmente lutam por centavos por watt. Portanto, com a extrema redução do custo total de uma usina de energia, estamos agregando muito valor ao mercado", explicou. Os sistemas já estão instalados em cinco fazendas nos Estados Unidos e no Japão, e outros entrarão em operação antes do final do ano.

O sistema de instalação da Alion é projetado para funcionar em solo irregular, afirmam executivos, eliminando a necessidade de nivelar grandes terrenos. Primeiro, uma máquina usada para fazer calçadas e valetas produz uma raia longa de concreto. A seguir, Rover instala os painéis e os fixa no lugar. Trabalhadores humanos então ligam os painéis ao sistema. O Spot, que pode ser controlado com um smartphone, roda ao longo das raias sob os painéis, esguichando água, escovando-os e secando-os com um rodo.

A promessa de automação não é só reduzir o custo de mão de obra, mas diminuir o tempo de construção -de seis a oito meses para 12 semanas, em alguns casos.

A empresa recebeu elogios de analistas. "O diferencial da Alion é ter automatizado o processo inteiro", disse Vishal Sapru, gerente de pesquisa de energia e meio ambiente na consultoria de negócios Frost & Sullivan, que recentemente deu um prêmio à Alion por inovação. "Você reduz o número de dias, de trabalhadores e de possíveis defeitos na instalação desses painéis, o que leva a uma importante redução de custos."

Ele advertiu que não se sabe exatamente o quanto a tecnologia pouparia -a empresa afirma que reduz os custos gerais de instalação em 75%, mas empresas alemãs do ramo calculam uma economia mais próxima de 50%, disse Sapru.

Na sede da Alion, um modelo mais esguio e ágil do Rover aguarda sua vez de entrar em cena, enquanto um Spot de segunda geração está em andamento.

"A meta não é robótica. É ter um preço inferior ao do gás natural", disse Mark Kingsley, diretor-executivo da Alion, enquanto as máquinas continuavam se movimentando inexoravelmente ao longo das fileiras. Os painéis que Spot limpou de repente estavam produzindo cerca de 12,5% a mais de eletricidade. "Para chegar lá é preciso ser enxuto e ter custos bem baixos."


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