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New York Times

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Cidades atraem imigrantes para revitalizar economia local

Município oferece aulas de inglês aos recém-chegados

Por JULIA PRESTON

DAYTON, Ohio - Para combater os estragos do declínio industrial, a cidade de Dayton adotou, dois anos atrás, um plano inovador para reativar sua economia e elevar seu astral: atrair imigrantes.

A comissão que governa Dayton votou por tornar a cidade receptiva, com programas para atrair novos imigrantes e encorajar os que já estavam ali. O objetivo é reduzir a perda de empregos e a queda na população.

Quatrocentas famílias turcas, muitas vindas de outras cidades americanas, mudaram-se para a zona norte de Dayton, onde muitas casas estavam desocupadas e se deteriorando. Agora cercas brancas de madeira, telhados novos e alpendres recém-pintados são sinais de uma renovação urbana acelerada liderada pelos imigrantes. "Queremos investir nos lugares onde somos mais bem-aceitos", explicou o líder imigrante turco Islom Shakhbandarov. "E somos mais bem-aceitos em Dayton."

Iniciativas semelhantes já surgiram em outras partes do meio-oeste: em Chicago (Illinois), em Cleveland e Columbus (Ohio), em Indianapolis (Indiana), em St. Louis (Missouri) e em Detroit e Lansing (Michigan).

"Queremos de volta o espírito empreendedor trazido pelos imigrantes", explicou Richard Herman, advogado de Cleveland que assessora prefeituras com ideias de desenvolvimento baseadas na imigração.

A nova acolhida a imigrantes reflete uma mudança ampla na opinião pública, enquanto o Congresso discute a revisão de legislação imigratória que, para muitos, já não reflete a realidade.

O impulso para as mudanças em Dayton veio de imigrantes. Em 2010, Shakhbandarov disse ao recém-eleito prefeito Gary Leitzell que estava pensando em convidar imigrantes turcos de todo o país a se fixar na cidade.

Leitzell ficou interessado. Ele recordou: "Falei: 'A pior coisa que pode acontecer é que 4.000 famílias turcas venham a Dayton e reformem 4.000 casas'. Então o que poderíamos fazer para facilitar esse processo?".

As autoridades perceberam que a cidade de 141 mil habitantes já tinha uma população nascida no exterior, pequena e em rápido crescimento: mais de 10 mil muçulmanos de diferentes países, refugiados do Burundi e da Somália, estudantes universitários chineses, indianos e sauditas, filipinos trabalhando no setor de saúde e trabalhadores manuais da América Latina.

Em outubro de 2011, a comissão que governa a cidade aprovou por unanimidade o plano Boas-Vindas a Dayton. Em cooperação com organizações locais, a prefeitura encontrou intérpretes para repartições públicas, levou livros em línguas estrangeiras às bibliotecas e organizou aulas de inglês. Professores voltaram à sala de aula para aprender outros idiomas.

Grupos locais deram cursos para imigrantes que queriam abrir pequenas empresas e ajudaram famílias de refugiados e estudantes estrangeiros. Autoridades da cidade buscaram maneiras de ajudar médicos e engenheiros imigrantes a conseguir as certificações necessárias para a prática de suas profissões nos EUA.

O chefe de polícia da cidade, Richard S. Biehl, determinou que a polícia deixasse de verificar o status imigratório de testemunhas, vítimas e pessoas detidas por infrações de trânsito leves ou outros delitos pouco graves.

Gabriela Pickett, natural do México, comanda uma galeria de arte que é refúgio para imigrantes hispânicos e outros, fornecendo apoio psicoterápico e social, inclusive para imigrantes não legalizados.

"Eu estaria mentindo se dissesse que não existe em Dayton nenhuma rejeição a pessoas que são diferentes", comentou. "Mas a prefeitura tem sido muito ativa nos esforços para conscientizar as pessoas."

Shakhbandarov disse que os turcos escolheram Dayton porque o custo de vida na cidade é baixo e há universidades nas proximidades para seus filhos. Os recém-chegados abriram restaurantes e lojas e usaram suas economias para reformar casas na zona norte de Dayton. Lideranças da comunidade turca estimam que os turcos já investiram US$ 30 milhões na área.

Postado orgulhosamente na entrada do centro comunitário turco aberto recentemente no centro da cidade, Shakhbandarov apontou para as lajotas de cor bege do saguão, importadas da Turquia para fazer os visitantes se sentirem "acolhidos" quando chegam. Os turcos compraram o local, que era da prefeitura, com um empréstimo favorável. Antes desocupado e dilapidado, o lugar agora sedia uma pré-escola do bairro e aulas de artes marciais, que têm a participação entusiasmada de garotas de véu na cabeça.

"É tudo uma questão de atitude", disse Shakhbandarov. "Os americanos podem ter visto Dayton em tempos melhores, com uma vida melhor e uma economia melhor. Mas nós nunca vimos isso. Aprendemos a apreciar o que temos aqui. E o que temos aqui vai muito além do que jamais tivemos antes."


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