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New York Times

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Famílias mexicanas prosperam na viticultura

Empresários já trabalharam como peões de fazendas

Por PATRICIA LEIGH BROWN

SONOMA, Califórnia - Está chegando ao fim a temporada da vindima, época do ano em que o cheiro de uvas esmagadas invade o ar e caminhões carregados de frutas se arrastam por estradas estreitas.

Para o viticultor Everardo Robledo -que cresceu trabalhando nos campos junto a seu pai, Reynaldo, nos fins de semana e depois da escola-, a colheita tem uma ressonância especialmente emotiva: mostra até onde a família chegou desde que seu avô, um imigrante mexicano, vagava de um acampamento de trabalhadores migrantes para outro e seu pai labutava nos vinhedos por US$ 1,10 a hora.

Robledo, 30, e sua família fazem parte de uma pequena, mas crescente, fraternidade de viticultores mexicano-americanos, muitos deles filhos de agricultores que hoje estudam viticultura, enologia ou administração de empresas na Universidade da Califórnia em Davis. "É o que fizemos nossas vidas inteiras", disse Robledo filho sobre colher, podar, amarrar, plantar e remover os brotos indesejados das vinhas. "A terra está em nosso DNA."

Para os turistas, aqui e em outras regiões produtoras de vinhos, a colheita é uma oportunidade para girar, cheirar e bebericar vinho, pisar em cachos de uvas e se deliciar com jantares feitos por mestres da cozinha. Em Sonoma, os visitantes podem experimentar um "acampamento da uva", cujo site na web anuncia "três dias maravilhosos" colhendo uvas.

Mas para os membros da Associação de Viticultores Mexicano-Americanos de Sonoma Napa, que tem três anos e engloba 14 vinícolas, a colheita é a época de comemorar e fazer estoque.

Em sua recente vindima, a festa da colheita, viticultores como Mario Bazán se deliciaram no pátio dos Robledo, enquanto a lua crescia, banhando as fileiras de vinhas chardonnay com uma luz prateada.

Em meio aos gritos de comemoração dos dançarinos folclóricos e músicos mariachi, Bazán lembrou que chegou ao "valle de Napa" em 1973, vindo de Oaxaca, no México, aos 18 anos. Ele cortou mato e limpou campos, passando três anos em um acampamento de trabalhadores. Na colheita, quando a atividade muitas vezes começa à noite, sob refletores fortes, o objetivo de Bazán era trabalhar horas suficientes para economizar US$ 2.000. Como muitos aqui, ele evoluiu de catador a motorista de trator, a capataz e a gerente de vinhedo que também tem uma pequena produção (de "butique") de cabernet sauvignon.

"Todos nós viemos do chão", disse Rafael Rios, 46, o presidente do grupo, cujo pai veio para o vale do Napa pelo programa "bracero", uma série de acordos para levar trabalhadores braçais do México para os EUA. "Sabemos o que é estar no campo a 32 graus Celsius."

O percurso de Rios reflete a ascensão de uma nova geração de mexicano-americanos que aspiram a ser viticultores. Um de sete irmãos, ele voltava da faculdade todos os anos no outono para ajudar o pai a "trabalhar na prensa", como diz, limpando as esteiras rolantes e as máquinas de remover os caules das uvas. O rótulo de Rios, Justicia Wines, é subsidiado pela renda de seu trabalho como advogado especializado na indústria vinícola.

Seus colegas viticultores de origem mexicana trabalham como mestres de adega e gerentes de vinícola e em empresas relacionadas, como a fabricação de caixas para transportar as garrafas. Muitos admitem que seu vinho ainda não dá lucro e que eles representam só uma fração da indústria vinícola da Califórnia. Mas muitos receberam cumprimentos de colegas profissionais e podem estar bem posicionados para um crescente mercado "latino".

Em Napa e Sonoma, a natureza mutável das práticas vinícolas, incluindo o espaçamento mais denso das fileiras de vinhas, aumentou a demanda por mão de obra agrícola especializada durante o ano todo.

Uma pesquisa recente encomendada pelo condado de Napa revelou que, embora 95% dos agricultores fossem originalmente do México, 54% consideravam o condado sua residência permanente. O relatório sugeriu a necessidade de habitação mais acessível para acomodar famílias de baixa renda.

"Os viticultores são os astros do rock de Napa", disse Sandra Nichols, geógrafa que escreveu vários estudos sobre a migração mexicana. "Por que as pessoas que hoje estão assentadas não devem alcançar o pico da profissão?"


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