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Carro 'sem frescura' conquista Europa

Linha popular da Renault encontra nicho de consumo

Por DAVID JOLLY

PARIS - O carro mais badalado da Europa em 2013 não foi uma BMW, uma Mercedes Benz ou um Bentley. Foi a Dacia, marca mais barata da Renault, com modelos fabricados na Romênia.

De acordo com dados divulgados em dezembro, a Dacia teve o maior crescimento em relação a qualquer outra montadora na Europa, tendo acumulado um crescimento de 21,1% nas vendas até novembro. Em meio ao desemprego elevado e à incerteza econômica, a Dacia encontrou um nicho seguro, com preços a partir de € 7.700 (cerca de US$ 10.600), incluídos os impostos, para o seu sedã Logan básico.

Para quem está acostumado a dirigir uma Mercedes ou uma BMW, um Dacia seria "terrível", diz Jens Schattner, analista da Macquarie em Frankfurt. "Mas, se você só precisa ir de um ponto para outro, ele tem tecnologia confiável e três anos de garantia. É tudo o que você precisa."

O sucesso da Dacia é um reflexo da bifurcação dos negócios. Enquanto carros de luxo e marcas de preços populares estão se saindo bem, o mercado para os modelos no meio-termo está estagnado. "Qualquer um pode dizer que tiramos vantagem da crise", disse Arnaud Deboeuf, executivo da Renault que supervisiona o segmento de veículos mais básicos da empresa. "Mas houve uma mudança nas atitudes de compra na Europa. As pessoas agora não querem gastar muito dinheiro em um carro."

A Dacia, responsável por menos de 3% do mercado europeu, vendeu cerca de 260 mil veículos até novembro. A Volkswagen ainda domina, com uma participação de mercado de 13,4%, embora as vendas da marca tenham diminuído 5,4% no período.

Louis Schweitzer, ex-presidente da Renault, reconheceu que não há como obter lucro vendendo nos países europeus emergentes os mesmos carros populares produzidos para o mundo desenvolvido. Então ele procurou usar a linha Dacia para construir uma nova plataforma, chamada M0, que seria econômica, confiável e custaria apenas € 5.000.

Embora ele não tenha alcançado esse preço-alvo, sua aposta deu certo quando o novo Dacia estreou com sucesso em 2004, atraente para os compradores da Europa do Leste e da Turquia. Para surpresa da indústria, também se saiu bem na Europa Ocidental. Hoje, a montadora tem uma ampla variedade de picapes, veículos utilitários esportivos e peruas. Seu mais novo modelo, o utilitário esportivo Dacia Duster, custa a partir de € 11.900 euros (cerca de US$ 16.200).

Deboeuf disse que a experiência obtida com o desenvolvimento de um veículo de baixo custo a partir do zero foi imensamente benéfica. "Você não pode oferecer um carro para seus clientes a um preço agressivo se você não pressionar seus engenheiros, as vendas e o marketing para controlarem e reduzirem custos."

A Dacia gastou pouco com marketing, e os custos de distribuição são relativamente pequenos, porque os carros são vendidos por meio de revendas já existentes, da Renault. Em grande parte, os custos são baixos porque os modelos Dacia vendidos na Europa Ocidental não são fabricados lá. A Renault criou milhares de empregos na Romênia.

Mas mesmo a Romênia está ficando muito cara. Em abril, a empresa alertou os 10 mil trabalhadores de sua fábrica de Pitesti que iria transferir alguns empregos para o Marrocos caso os operários não moderassem suas reivindicações salariais.

Apesar de a Dacia ter sido uma bênção para a Renault na Europa, a plataforma M0 sobre a qual os modelos se baseiam ainda é bem maior em mercados não europeus, incluindo o Brasil e a Índia.

Schattner disse que a Dacia agora "tem um monopólio" no mercado de veículos mais simples na Europa, o qual provavelmente manterá por pelo menos três anos, já que seus rivais ainda não decidiram como reagir.


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