Folha de S.Paulo

Operadora novata atrai acionários

Por NATHANIEL POPPER

Recentemente, a Bolsa de Nova York foi engolida pela InterContinental Exchange, companhia que obtém a maior parte de sua receita da comercialização de derivativos. Enquanto isso, a Bats Global Markets, fundada em 2005, vem assistindo a uma expansão global. Seu sucesso a aproximou silenciosamente do topo da lista das maiores operadoras de Bolsas do mundo em termos de valor das ações negociadas.

Nos próximos meses, a BATS, que tem sede em Lenexa, no Kansas (EUA), deverá completar sua fusão com outra nova empresa, a Direct Edge, em um acordo que a transformará na que deverá ser a maior empresa de comercialização de ações dos Estados Unidos (pelo menos em alguns pregões).

Na Europa, a BATS já é a maior Bolsa. Agora procura avançar para outras partes do globo, incluindo Canadá e Japão. A BATS se concentra no modelo americano de baixo custo, concorrência e negócios em alta velocidade.

Bolsas mais antigas e algumas corretoras estabelecidas apontaram para as recentes quebras de mercado e problemas que ocorreram nos EUA como evidências de defeitos do modelo.

Paul Squires, diretor de corretagem da AXA Investment Management em Londres, disse que inicialmente foi cético sobre a BATS e as mudanças que ela trouxe. Mas afirmou que a empresa respondeu melhor a suas perguntas e preocupações do que as antigas Bolsas jamais fizeram. "Superamos aquele julgamento inicial."

A BATS vem aproveitando as condições do mundo das ações, onde os volumes de negociação diários têm caído juntamente com as taxas que as Bolsas conseguem cobrar. Isso tornou os negócios difíceis para as empresas formadas em uma era anterior. Mas a BATS tem uma equipe relativamente pequena, de 170 pessoas, e uma tecnologia básica que pode ser exportada para qualquer lugar.

A última grande campanha da empresa foi na Espanha. Durante o ano passado, a BATS Chi-X, como é conhecida na Europa, passou de cerca de 4% de todos os negócios na Espanha para quase 20% em alguns momentos em dezembro, praticamente o mesmo em toda a Europa. A próxima maior operadora de títulos na Europa é a Bolsa de Ações de Londres.

A Europa permitiu que empresas novatas de negociação de títulos entrassem no mercado com uma mudança de regra em 2007. A BATS Chi-X na Europa é uma combinação de duas plataformas de negócios que surgiram em reação a essa modificação.

Antes da BATS e da Chi-X, um corretor que quisesse negociar ações em toda a Europa teria de aderir a cada Bolsa nacional. Com a expansão da BATS e da Chi-X, elas permitiram que os corretores negociem em todos os países enquanto se conectam com apenas uma plataforma de negócios. As duas firmas cresceram rapidamente e se fundiram em 2010.

As Bolsas existentes na Europa eram "monopólios que se dispunham a trabalhar juntos não entrando nos quintais dos outros", disse Mark Hemsley, executivo-chefe da operação europeia da BATS. "Nós colocamos nossos pés no quintal de todo mundo."