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New York Times

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Após invernos fracos, mangues da Flórida avançam para o norte

Por JUSTIN GILLIS

No passado, o clima em boa parte do litoral da Flórida era frio demais para permitir o crescimento dos mangues, mas agora, relataram cientistas recentemente, essas árvores tropicais estão se espalhando para o norte em ritmo acelerado. Depois de analisar imagens de satélite, os cientistas constataram que, ao longo de um trecho de 80 km da costa da Flórida central, ao sul de St. Augustine, a área coberta por manguezais dobrou entre 1984 e 2011.

Eles disseram que as geadas fortes de inverno que, no passado, impediam a expansão dos manguezais basicamente desapareceram na região, permitindo às árvores tomar o lugar de gramíneas que toleram melhor o frio.

A situação se assemelha à mudança climática que permitiu que besouros devastassem milhões de hectares de pinheiros no oeste americano e no Canadá.

Cientistas descobriram que o que faz a diferença não é o pequeno aumento nas temperaturas médias nem o aumento de ondas de calor: é o desaparecimento das noites de inverno muito frias, que antes limitavam o crescimento de organismos sensíveis ao frio.

A dúvida agora é se o aquecimento global está promovendo o crescimento de mangues em áreas fora da Flórida.

Os fatos recentes relativos ao aquecimento global pegaram os cientistas de surpresa, considerando que a Terra ficou apenas 0,8°C mais quente desde o século 19. A previsão é que ela se aqueça substancialmente mais nos próximos cem anos. Entretanto, "as mudanças já estão ocorrendo mais rapidamente do que previmos", disse Kyle C. Cavanaugh, pesquisador do Centro Smithsonian de Pesquisas Ambientais, em Edgeware, Maryland, e principal autor do novo artigo.

A expansão dos mangues para o norte cria um conjunto complexo de questões ecológicas. Os manguezais que crescem em áreas litorâneas tropicais estão entre os tesouros ambientais da Terra. Eles são áreas de reprodução de peixes e habitats de uma grande gama de organismos. Mas, em muitos lugares, a ocupação e construção nos litorais colocam os manguezais em risco crítico.

Desse modo, uma mudança climática que permite o crescimento dos mangues em novas áreas pode parecer muito positivo. Mas, em seu avanço na Flórida e em outros lugares, os mangues estão tomando o lugar de marismas (pântanos salgados), que também são ecologicamente valiosos e estão ameaçados pela ocupação humana. A ecologia desses pântanos é muito diferente da dos manguezais, e isso suscita novas perguntas sobre o que será perdido se as gramíneas das marismas morrerem.

"Não há como atribuir um preço ou valor ao que está acontecendo", disse Daniel S. Gruner, biólogo da Universidade de Maryland que participou da pesquisa.

Os cientistas buscaram várias explicações, incluindo a elevação do nível dos mares e mudanças na temperatura média, mas nenhuma delas funcionou -até que eles analisaram as mudanças nos extremos de frio no inverno. O último inverno realmente gelado na Flórida central ocorreu em 1989.

Gruner disse que, ao analisarem mudanças climáticas, os cientistas precisam começar a levar em conta mudanças que não se limitam às temperaturas médias. Para ele, é provável que haja mais surpresas a caminho.

"Para ser franco, não gosto de pensar nisso. Assusta um pouco."


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