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New York Times

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Antes rejeitado, gás de perfuração vira recurso

Empresas tentam tornar antigo dejeto em ativo econômico

Por CLIFFORD KRAUSS

WATFORD CITY, Dakota do Norte (EUA) - Vistas de longe, as chamas dos 1.500 poços de petróleo que queimam o excesso de gás natural nas planícies de Dakota do Norte brilham mais que as luzes da cidade de Minneapolis, a centenas de quilômetros de distância.

O gás queimado no campo de Bakken é um subproduto da extração de petróleo em áreas onde existem poucas linhas de captação de gás e poucos limites à perfuração. Ao todo, o excesso de gás poderia aquecer um milhão de casas. Ele libera aproximadamente 6 milhões de toneladas de dióxido de carbono na atmosfera por ano -o que equivale aproximadamente a três usinas de energia movidas a carvão de tamanho médio.

Esse nível de emissões é três vezes maior que o nível de apenas dois anos atrás, o que enfurece os ambientalistas, faz os proprietários de terras processarem as companhias de petróleo e provoca pedidos de regulamentação mais rígida.

Mas para A. Lance Langford, vice-presidente de desenvolvimento e produção da Statoil em Bakken, e outros executivos de energia, o problema das chamas pode ser a mãe da invenção. "Você pega um problema e o transforma em oportunidade", disse ele. "Estamos tentando pensar fora da caixa."

As companhias de petróleo estão intensificando seus esforços para conter as chamas, como construir mais gasodutos e usinas de processamento, planejar novas fábricas de fertilizantes que usam gás natural como matéria-prima e converter as plataformas e outros equipamentos para usarem gás natural como combustível.

A Statoil, gigante do petróleo norueguesa, está se aliando à General Electric em um protótipo de baixo custo que ela espera que seja usado na África e na Ásia, onde o gás que hoje é queimado poderia ser captado para uso doméstico e outros.

O primeiro passo é retirar do gás natural o butano e o propano, que podem ser usados na indústria petroquímica. O resto do gás pode ser comprimido e armazenado no que a GE chama de "CNG em uma caixa" [Gás Natural Comprimido, na sigla em inglês].

O dispositivo foi originalmente desenhado para ser um posto de gás natural móvel para abastecer carros, caminhões e ônibus. Mas a Statoil pretende usar as caixas para abastecer plataformas de perfuração que já foram convertidas para substituir 40% do diesel que queimam por gás.

Pelos cálculos da Statoil, se todas as plataformas em Bakken forem transformadas para funcionar mesmo parcialmente com gás natural, mais de 1,7 milhão de metros cúbicos de gás natural -um quinto do gás que hoje é desperdiçado pela queima- poderá ser economizado por dia.

Outras companhias já têm seus próprios planos para tornar o gás um ativo econômico. Duas empresas estão construindo fábricas de fertilizantes gigantes, representando quase US$ 3 bilhões em investimentos na Dakota do Norte, que usarão o gás natural do Estado como matéria-prima e abastecerão os fazendeiros das Dakotas, de Minnesota, de Montana e do Canadá. O gás natural que é queimado em todo o mundo resulta em emissões de 400 bilhões de toneladas de dióxido de carbono por ano, segundo o Banco Mundial. Isso equivale às emissões de 77 milhões de carros, e grande parte desse gás desperdiçado é produzido em países onde o gás natural poderia fornecer energia para pessoas que subsistem sem eletricidade.

Michael Hosford, diretor-geral global para recursos não convencionais da GE Oil e Gas, disse esperar uma solução rápida para as pequenas falhas no empreendimento da GE com a Statoil para expandi-lo globalmente. "É uma ideia para o mundo todo", disse.


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