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New York Times

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Multinacionais na Ásia investem em postura 'verde'

Por MIKE IVES

HO CHI MINH, VIETNÃ - Quando a Intel estava montando sua fábrica no Vietnã, descobriu que não existiam padrões em vigor para questões como o uso de substâncias químicas refrigerantes, fortemente regulado na maioria dos países industrializados.

Na realidade, as autoridades vietnamitas perguntaram à Intel se ela tinha alguma ideia dos padrões que deveriam ser fixados para outros fabricantes que operam no país.

Hoje a fábrica de US$1 bilhão da Intel, situada a 16 km do centro de Ho Chi Minh, pratica medidas ambientais e de sustentabilidade que vão muito além do que as leis vietnamitas exigem.

Inaugurado em 2010, o complexo tem a maior bateria de geradores solares do país. Dirigentes da empresa dizem que, em breve, um novo sistema de reciclagem de água vai ajudá-la a reduzir em até 68% seu consumo de água. A Intel também busca a certificação do U.S. Green Building Council (Conselho Americano de Construção Verde).

Especialistas dizem que, nos últimos cinco anos, multinacionais ocidentais -e, em alguns casos, suas fornecedoras asiáticas- começaram a construir fábricas mais ambientalmente seguras em países em desenvolvimento.

O U.S. Green Building Council, uma das principais entidades globais de certificação, informa que apenas cerca de 300 instalações manufatureiras na Ásia são certificadas ou aguardam certificação por meio de seu instrumento de classificação, chamado Leadership in Energy and Environmental Design, ou LEED (Liderança em Energia e Design Ambiental).

Consultores dizem que as multinacionais ocidentais geralmente solicitam certificação independente de suas estruturas fabris não para cumprir exigências legais, mas porque o design sustentável de edificações é, cada vez mais, uma política corporativa.

Desde 2008, a Intel reduziu sua conta global de energia em US$ 111 milhões, graças a investimentos no valor de US$ 59 milhões em sustentabilidade em 1.500 projetos em todo o mundo, disse a gerente geral do complexo, Sherry Boger. De acordo com ela, os projetos compensaram por emissões de dióxido de carbono equivalentes à quantidade gerada por 126 mil famílias americanas por ano.

A bateria de geradores solares da Intel na fábrica no Vietnã custou US$ 1,1 milhão e todos os dias compensa por uma quantidade de dióxido de carbono equivalente ao que é emitido por 500 motocicletas vietnamitas.

Em 2011, uma pesquisa constatou que, comparada a uma fábrica típica, uma fábrica de calçados no sul do Vietnã que tem certificação LEED e produz exclusivamente para a Nike usa 18% menos eletricidade e 53% menos água. A informação é de Melissa Merryweather, principal consultora de sustentabilidade do projeto.

O mercado de upgrades de eficiência industrial está crescendo também na Índia, onde muitos proprietários de fábricas se preocupam com os blecautes, disse Prashant Kapoor, especialista industrial em edificações verdes da International Finance Corporation, a divisão do Banco Mundial que atua no setor privado.

Ele disse que a demanda por upgrades já é constante o suficiente na Índia para que algumas empresas domésticas tenham começado a se especializar nisso.

O governo da Malásia já certificou 70 mil metros quadrados de espaço fabril desde 2009, segundo a Confederação de Prédios Verdes da Malásia.

Isso representa 1% das certificações totais de construções.

Kevin Mo, diretor do programa de construções da China na Energy Foundation, organização sem fins lucrativos sediada em San Francisco, disse que as autoridades chinesas incluíram oito fábricas entre os 742 prédios que certificou até o final de 2012. A maioria dos outros era residencial ou comercial, segundo ele.

Daniel Duhamel, da Solidiance, consultoria de Cingapura especializada no setor de construções verdes na Ásia, disse que as multinacionais ocidentais estão buscando certificar suas fábricas mais porque isso favorece seus próprios interesses do que por uma questão de boa vontade. Esse tipo de risco geralmente assume a forma de um desastre de relações públicas que pode resultar de acidentes ou escândalos ambientais.

Duhamel ponderou que o risco para uma marca global é intensificado pelo peso crescente da mídia social, que pode amplificar qualquer publicidade negativa.

"A próxima batalha será travada aqui", disse, falando dos padrões ambientais corporativos. "É por isso que algumas empresas previdentes -a Intel, por exemplo- tiveram a iniciativa de ser pró-ativas."


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