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New York Times

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Casa de penhores atende milionários

Por PAUL SULLIVAN Entre no showroom da Suttons & Robertsons no East Side, em Manhattan, e você verá um ambiente parecido com o de qualquer loja sofisticada ou casa de leilões: colares de diamantes, safiras e esmeraldas espalham-se pelas vitrines e talheres de prata descansam sobre uma mesa de madeira digna de um monarca.

Em outras palavras, não é uma casa de penhores comum. "Nosso foco são os ricos", disse Jeffrey Weiss, executivo-chefe da Suttons & Robertsons. Com quase 250 anos de experiência em penhores de alto padrão, essa empresa inglesa veio aos EUA para suprir o que acredita ser uma crescente necessidade entre os americanos abastados que gastaram além de suas posses e precisam de uma rápida infusão de dinheiro, em troca de algumas bugigangas sem as quais eles estão dispostos a viver, temporariamente.

"Há cada vez mais gente que é rica em propriedades e tem um problema temporário de liquidez", disse Weiss, 70. "Nós temos o capital para emprestar até e além de US$ 1 milhão." A Suttons & Robertsons não está sozinha no nicho de alto valor no negócio dos penhores. Sites como Pawngo e Borro despontaram depois da crise financeira, oferecendo empréstimos em troca de joias, relógios e praticamente qualquer item caro que possa ser remetido via FedEx. Outros sites, como o Ultrapawn e o iPawn, surgiram depois com a ideia de fazer grandes empréstimos, tendo como garantia carros de luxo, objetos de arte e pedras preciosas.

Weiss disse que o crédito restrito faz com que este seja o momento certo para a chegada a Nova York. "Certamente, credores convencionais ao longo dos últimos cinco ou seis anos se tornaram cada vez mais relutantes em oferecer crédito em todas as frentes", disse ele. "O tempo que essas instituições levam para tomar decisões aumenta à medida que seu apetite encolhe. Você pode entrar em nossa unidade em NY e sair com seu dinheiro em uma ou duas horas."

Por uma taxa -elevada -, é claro. Para quem toma emprestado alguns milhares de dólares oferecendo, digamos, um relógio Rolex -que parece ser um dos itens mais populares para deixar como caução-, as taxas variam de 12% a mais de 60% em termos anuais para as casas de penhores on-line e chegam aos três dígitos para operações presenciais em todo o país.

As altas taxas não são altas o suficiente para dissuadir clientes como Mike Walsh, que compra, reforma e vende casas na região de Chicago. Ele disse que vinha recorrendo ao seu banco para empréstimos até 2008, quando o processo para obter dinheiro se tornou oneroso. Depois de perder dinheiro com vários imóveis, disse, ele pegou alguns de seus relógios Rolex e os deu como garantia de um empréstimo da Ultrapawn. Ele disse que recebeu o dinheiro no dia seguinte. Os primeiros, afirmou, foram a uma taxa de 5% ao mês, mas os mais recentes eram de 3% -ou 36% ao ano. Mas, para ele, é melhor do que um típico empréstimo de casa de penhores. "Em vez de pagar US$ 1.800 por mês por um empréstimo de US$ 10 mil, estou pagando US$ 300 por mês", disse ele.

George Souri, diretor do Atria Group, empresa de investimentos privados que colocou dinheiro na Ultrapawn, disse que seu grupo olha para as pessoas abastadas como se elas fossem pequenas empresas. "Quando um negócio precisa de liquidez para custear operações ou se expandir, os diretores têm condições de ir ao mercado de capitais e usar os bens da empresa para obter empréstimos", disse ele. "O consumidor de alto padrão não tem essa opção. E a maioria dos consumidores nessa categoria não iria passar pelo constrangimento de ir a uma casa de penhores."

Souri disse que teve um cliente com casas em Chicago e em Marco Island, na Flórida, e um Bentley Continental GT em cada uma das duas localidades. O cliente deu como garantia um dos carros, avaliado em US$ 250 mil, para comprar um barco para sua casa de Marco Island. Ele estava confiante de que o fluxo de capital de seus outros investimentos bancaria o empréstimo.

Clientes de penhores de alto padrão são em geral pessoas que simplesmente têm dinheiro demais imobilizado em itens de luxo e não dispõem de liquidez suficiente para pagar por coisas como mensalidades escolares ou divórcios.

Para Paul Aitken, fundador do Borro, seus clientes são "pessoas empreendedoras que gostam de fazer coisas por um impulso repentino". "Quando têm dinheiro no bolso, gostam de comprar bens de luxo. Quando não têm, gostam de usar essas mercadorias para conseguir dinheiro para sua próxima aventura."


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