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New York Times

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Imigração impacta política norueguesa

Por STEVEN ERLANGER

MORTENSRUD, Noruega -Lise e Kjetil Ulvestrand vieram para esta cidade em 2005. Ex-funcionária de programas de desenvolvimento na América Latina, Lise diz que fica à vontade com estrangeiros.

Mas conforme o número de imigrantes, incluindo muçulmanos, aumentou em Mortensrud, ela começou a se preocupar. "Os noruegueses estavam se mudando, e meus filhos perdiam os amigos", disse ela. "Queríamos um ambiente estável e tínhamos algumas questões sobre os desafios sociais na escola", onde o número de pessoas não norueguesas estava crescendo rapidamente.

Assim, no último verão, os Ulvestrand decidiram mudar-se de volta para Oslo, a capital. "Eu me senti um pouco culpada por mudar, tendo trabalhado na América Latina com minorias e defendendo seus direitos."

Suas preocupações sobre a imigração e percepções de que o islã contesta os valores nacionais predominantes são amplamente compartilhadas, tanto entre pessoas da esquerda como muitas da direita, que em setembro elegeram o Partido Conservador depois de oito anos de governo de coalizões de esquerda lideradas pelo Partido Trabalhista.

Em um país que há muito tempo se orgulha de suas sensibilidades liberais, a intensificação do debate sobre a imigração é perturbadora -e se concentrou no Partido do Progresso, anti-imigração, que faz parte do novo governo conservador.

O Partido do Progresso entrou na berlinda em 2011 quando Anders Behring Breivik, que deixou o partido porque a organização não era suficientemente radical, atacou com bombas prédios do governo em Oslo, matando oito pessoas. Depois matou mais 69 pessoas, na maioria adolescentes, em um tiroteio em um acampamento de verão do Partido Trabalhista.

O desempenho do Partido do Progresso nas primeiras eleições desde o massacre e seu sucesso em conquistar um lugar no governo causaram preocupações; injustamente, segundo Ketil Solvik-Olsen, vice-líder do partido.

"Somos rígidos sobre a imigração, mas isto não é uma guerra de culturas", disse ele. "Nossa ideia é proteger nosso sistema de assistência social."

Solvik-Olsen falou sobre o tipo de desconforto que os Ulvestrand sentiram. "Algumas pessoas percebem que acordam de manhã e seu antigo vizinho partiu", disse ele. "Estranhos chegam e as pessoas nem sequer compreendem o que eles estão dizendo. Temos um sistema de bem-estar social generoso, e você se sente um estranho em seu próprio bairro."

A discussão pública sobre islamismo é menos sobre "suas crenças ou sua cor. Tem mais a ver com falta de educação e necessidade de estudos", disse a primeira-ministra Erna Solberg. Diante das generosas políticas de asilo e do sistema de bem-estar social da Noruega, o novo governo quer reduzir o abuso e garantir, segundo ela, que "você sempre ganhe mais trabalhando do que não trabalhando -é uma questão social maior que a imigração aqui".

A sensação de que o país está dando dinheiro demais para estrangeiros foi um tema eleitoral importante.

Tore Bjorgo, que estuda o extremismo de direita no Colégio Universidade da Polícia Norueguesa, diz que é difícil classificar o Partido do Progresso. "É um partido democrático, com membros que são racistas e outros que não são", explicou. "Mas tem elementos que levantam um pouco a lama sob a superfície da política."

Thomas Hylland Eriksen, antropólogo social na Universidade de Oslo, diz que o massacre de Breivik teve um pequeno impacto na política norueguesa. Hoje é quase mais difícil "criticar as atitudes islamofóbicas ou xenofóbicas, já que os que defendem essas posições podem retrucar que é inadequado associá-las a Breivik", disse ele.

Colaborou Henrik Pryser Libell


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