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New York Times

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Japão incentiva exportação de saquê

Por ERIC PFANNER e ZHIYI YANG

NIHONMATSU, Japão - Confrontado com dados econômicos preocupantes, o governo japonês começou a oferecer algo para suavizar a situação: uma ou duas garrafas de saquê.

Nos aeroportos internacionais de todo o país, o governo está financiando guichês de degustação onde passageiros em trânsito podem experimentar o saquê, bebida alcoólica feita de arroz fermentado. Numa manhã recente, a funcionária em um guichê do aeroporto de Narita, próximo a Tóquio, explicou que o saquê de alta qualidade deve ser consumido ligeiramente gelado -não aquecido, como às vezes é feito com saquê de baixa qualidade em restaurantes fora do Japão.

O programa faz parte de uma campanha mais ampla do governo para levar os produtos culturais do país para o mundo - proporcionando, espera-se, um incentivo às exportações japonesas. Um programa financiado pelo governo e intitulado "Cool Japan" se propõe a divulgar os produtos "soft" do país, como os animês, a música, a moda, a comida e a bebida.

Em dezembro, o Japão obteve da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Organização, a Ciência e a Cultura) o status de patrimônio cultural imaterial para sua culinária tradicional, conhecida como "washoku".

O saquê não vai preencher o vazio deixado pela erosão sofrida em setores como o dos eletrônicos, mas pode ajudar. O governo espera multiplicar as exportações de saquê por cinco até 2020.

"Antes do governo atual, praticamente nada era feito para promover o saquê", comentou Hideharu Ohta, executivo-chefe da Daishichi Sake Brewery, em Nihonmatsu. "O governo concentrava sua atenção nos eletrônicos e carros e em reduzir as tarifas sobre esses bens."

O consumo de saquê diminuiu no Japão nas últimas décadas, na medida em que muitos consumidores aderiram ao vinho, à cerveja, ao uísque ou ao shochu. Com isso, os fabricantes de bebidas alcoólicas se somaram à onda de empresas japonesas que buscam aumentar seus negócios no exterior.

Em 2012 as exportações de saquê japonês totalizaram 8,9 bilhões de ienes, ou US$ 87 milhões, segundo a Agência Nacional de Impostos.

Uma década antes, a cifra tinha sido 7,5 bilhões de ienes.

O governo enfrenta uma batalha para atrair paladares fora do Japão. Uma razão disso é o preço. Com os custos do transporte e as tarifas de importação, o saquê pode acabar custando duas ou três vezes mais fora do Japão.

Outro problema é que muitos rótulos de saquê são indecifráveis para quem não lê o japonês. E boa parte do suposto saquê servido em restaurantes japoneses fora do país não passa de um destilado alcoólico barato, não sendo o saquê verdadeiro.

O primeiro-ministro Shinzo Abe vem fazendo sua parte: deu garrafas de saquê de presente ao presidente russo, Vladimir Putin, em seu 61° aniversário, no ano passado, e ao ex-presidente francês, François Hollande, numa visita recente deste a Tóquio.

Hideharu Ohta sabe que não é fácil vender no exterior. Para ele, os produtores devem pensar no longo prazo. "Não queremos fazer concessões ou produzir um saquê que seja mais fácil de ser consumido por pessoas no exterior", comentou. "Queremos fabricar os produtos dos quais nós, no Japão, nos orgulhamos."


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