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New York Times

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Tímida, atriz encara "Cabaret"

Por CHARLES McGRATH

Michelle Williams seria a primeira a dizer que ela, atriz praticamente sem experiência como cantora e dançarina, não foi uma escolha óbvia para o papel da cantora de boate Sally Bowles em "Cabaret". Williams está fazendo sua estreia na Broadway com o papel, no Studio 54, no revival feito pela Roundabout Theater Company de sua própria produção lendária de 1998. Mas ela só conseguiu o trabalho depois da desistência de Emma Stone.

"Não disseram que era uma audição", falou Williams, recordando sua primeira reunião com os diretores do espetáculo, Sam Mendes e Rob Marshall, sendo este último também o coreógrafo. "Mas foi, o que para mim não é problema. A própria Sally nunca foi a primeira escolha. Foi por isso que ela teve que ir a Berlim."

Michelle Williams tem 33 anos e não age como uma grande estrela de cinema. É tímida, sincera, pensativa e, depois de ser assediada pela imprensa após a morte de Heath Ledger, com quem teve uma filha, em 2008, ela passou a fugir um pouco da publicidade.

Ela contou que aprendeu a gostar de cantar e dançar quando trabalhou no filme "Sete Dias Com Marilyn". "Não é que eu pense que tenho um dom natural", explicou. "Gosto de cantar e dançar porque não dá para ficar só dentro da sua própria cabeça. Quando você está cantando e dançando, não dá para pensar ao mesmo tempo, então há lugar para a alegria. Não tenho alegria suficiente em minha vida. Quem é que tem?"

Uma das dificuldades de representar Sally, ela explicou, não é apenas que o papel é complicado -Sally é uma cantora britânica aspirante, mais ousada que talentosa, que tenta fazer seu nome numa boate decadente de Berlim nos anos 1930-, mas também que ele já foi representado por muitas atrizes famosas, de Julie Harris a Judi Dench. Para pesquisar o papel, ela viajou a Berlim e visitou Don Bachardy, que vivia com Christopher Isherwood, cujo livro "Berlin Stories" deu base a "Cabaret".

"Ando pensando muito em Sally Bowles", comentou Williams. "O que é que falta nela, especificamente? É o fato de ela ser preguiçosa? De ser entusiasmada demais? As possibilidades são muitas. Por que ela deixa a desejar e como ela deixa a desejar?"

O fato de Michelle Williams ser atriz de cinema é sem dúvida parte da razão pela qual os diretores a escolheram. Mas, apesar de ter chegado aos 31 anos com três indicações ao Oscar, ela é uma estrela de tipo curioso. Conseguiu criar uma carreira importante no cinema sem ter atuado em muitos filmes importantes.

Williams ganhou sua primeira indicação ao Oscar por "O Segredo de Brokeback Mountain", teve um papel pequeno como a mulher de Leonardo DiCaprio em "Ilha do Medo" e contracenou com James Franco em "Oz - Mágico e Poderoso", que acabou se tornando blockbuster internacional. Mas sua fama se deve principalmente a filmes indies de baixo orçamento, como "Namorados Para Sempre" (pelo qual recebeu a segunda indicação ao Oscar), "Entre o Amor e a Paixão", "O Atalho" (possivelmente o western mais econômico já feito) e "Wendy & Lucy".

Na maioria de seus filmes, ela não representa mulheres glamourosas, mas pessoas sensíveis, incompreendidas e um pouco vítimas de aproveitadores.

Ela admitiu que já recusou alguns papéis em filmes maiores, "mas é como se alguém diz 'estou saindo, quer que eu te traga um café?', e eu digo 'não, obrigada'. Simplesmente não combina comigo."

Sobre sua decisão de representar Sally Bowles, Williams recorda que, em dado momento, disse a uma amiga: "Vão me ensinar a cantar, dançar e representar no palco. Aconteça o que acontecer, vou sair desta melhor do que quando comecei. Mesmo que eu passe vergonha, estarei melhor."


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