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Marca de sapatos lança café que leva água a mais pobres
Por STEPHANIE STROM
O que sapatos e café têm em comum? Aparentemente não muito -exceto nas mãos de Blake Mycoskie, dono da Toms, que vende sapatos para todo o mundo.
Mycoskie construiu seu império calçadista vendendo um par de sapatos baratos e dando outro de presente a uma pessoa necessitada -um modelo que ele também usa para vender óculos.
Agora, a Toms desenvolveu uma linha de café e usará o dinheiro para ajudar a fornecer água a pessoas que precisam dela para cozinhar, beber e ter saneamento básico. Segundo a ONU, mais de 2 bilhões de pessoas no mundo não têm acesso a esse recurso.
"Depois que as pessoas superarem o choque inicial quando ouvirem dizer que estamos entrando no negócio do café, acho que elas verão que a Toms e o modelo um-por-um é uma plataforma para fazer diversas coisas, não só uma empresa de sapatos ou óculos", disse Mycoskie em entrevista.
Ele lançou o café Toms em março, no South by Southwest, evento anual que serve como vitrine para novos produtos e ideias.
Cada saco de café vendido pela Toms Roasting Company financiará uma semana de água limpa para uma pessoa, segundo Mycoskie. Xícaras de café a serem vendidas em lojas próprias, formando o que ele espera ser uma rede mundial, podem garantir um dia de água potável cada uma.
"O ingrediente número um do café é a água, e o café costuma ser cultivado em lugares onde a água limpa é escassa", disse Mycoskie.
O modelo um-por-um se espalhou. Já foi adotado por empresas como a General Mills, cuja marca Betty Crocker vincula a doação de frutas para lanche a doações de computadores na África.
Até agora, a Toms doou 10 milhões de pares de sapatos a crianças pobres, e cerca de 200 mil pessoas tiveram sua visão restaurada graças ao faturamento da marca com a venda de óculos.
Mycoskie teve a ideia de ampliar o modelo durante um ano em que estava refletindo sobre o que poderia fazer para rebater as críticas de que o programa de sapatos não resolvia os problemas fundamentais da pobreza.
"Há duas coisas das quais você precisa para aliviar a pobreza: educação e empregos", disse ele.
Por isso, no segundo semestre de 2013, na Iniciativa Global Clinton, a Toms prometeu construir uma fábrica no Haiti, onde deverá empregar pelo menos cem pessoas, além de colocar 30 artistas para pintar alguns produtos à mão.
Ele também se interessou pelo café. O produto custeará projetos hídricos, segundo Sebastian Fries, responsável pelas as iniciativas beneficentes da Toms.
A empresa planeja colaborar com a ONG Água para as Pessoas, que desenvolve sistemas hídricos sustentáveis no mundo todo.
O café, cultivado em pequenas propriedades de Guatemala, Maláui, Peru, Ruanda e Honduras, vem em vários tipos de torra.
"Acho que, uma vez que as pessoas entenderem o impacto que podem provocar ao comprar uma xícara ou um saco de café, isso irá criar uma conexão ainda maior com a Toms do que elas já tenham", disse Mycoskie. "E isso é fazer negócios."