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Lupita Nyong'o

Atriz sempre se prepara para o grande papel da vida

"Agora me sinto mais à vontade, o que é muito útil quando vivemos experiências arrebatadoras"

Por GUY TREBAY

Para Lupita Nyong'o, 31 -nascida no México, criada no Quênia, formada na Universidade de Yale e catapultada à fama do dia para a noite-, o papel da escrava Patsey em "12 Anos de Escravidão", pelo qual ganhou o Oscar, foi o preâmbulo para um personagem muito maior.

À diferença do que ocorre com muitas jovens inexperientes, esse personagem foi sob medida para dar durabilidade a sua nova fama.

Em vez de considerar a temporada de exposição pela premiação como uma sucessão infinita de jantares, discursos e caminhadas em tapetes vermelhos, a atriz e sua equipe de apoio cuidaram, com uma precisão quase militar, dos eventos no intervalo de cinco meses entre a estreia do filme no Festival de Cinema de Telluride e a cerimônia do Oscar.

Nesta era altamente midiática, o maior prêmio pode não ser uma estatueta pela atuação em um filme, e sim o impulso na carreira, o poder financeiro e a aura que se ganha ao se transformar em uma marca individual.

Durante o processo para a temporada de premiação, Nyong'o fechou contrato para ser o rosto oficial da grife Miu Miu, algo muito desejado, embora as campanhas publicitárias das marcas da moda sejam efêmeras.

O grande prêmio para uma estrela em ascensão é um contrato com uma marca ligada à beleza. E no início de abril a Lancôme Paris, um império de cosméticos de luxo, anunciou que a atriz será a mais nova celebridade a estrelar suas campanhas.

Vista à distância, a jornada de Nyong'o de pessoa desconhecida a queridinha da moda parece incomumente orgânica e suave.

E sem dúvida, conforme dizem aqueles que trabalharam com a atriz, sua inteligência e compostura, assim como sua beleza luminosa, são inatas e verdadeiras. Ainda assim, mais do que talento e sorte, é preciso ter algo especial para seduzir o público e fazê-lo admirar uma mulher que, em sua própria opinião, cresceu insegura com seus traços africanos e tez escura e hoje magnetiza todos os olhares.

Desde 5 de setembro de 2013, quando teve início o Festival de Cinema de Toronto, até a cerimônia do Oscar em março, Lupita Nyong'o foi a 66 eventos.

"Muitas pessoas acham que basta se exibir no tapete vermelho parecendo relaxada e fabulosa", disse Micaela Erlanger, consultora de moda da atriz.

"Mas há uma campanha por trás disso, um negócio em jogo, e você fica focada em sua mensagem", afirmou.

Independentemente do quão promissora seja a matéria-prima, acrescentou Erlanger, é preciso estratégia para criar uma narrativa coesa para uma estrela emergente, e cada aparição pública é mais uma oportunidade para a construção da marca.

O desafio foi maior porque os cinéfilos conheceram Nyong'o como uma personagem maltrapilha, moldada pela escravidão.

"Acho que tudo na minha vida me preparou para esse papel", disse a atriz sobre interpretar Patsey, "e depois nada me preparou para o tapete vermelho." Ao longo de meses de análises minuciosas sob luzes cegantes, Nyong'o foi vestida, penteada e maquiada por uma equipe empenhada em transmitir "seu senso de extravagância, de glamour e das diferentes personagens que poderá interpretar", relatou a consultora de moda da atriz. Quase desde o início, as reações a Nyong'o indicaram que uma estrela surgira. E esse foi um período intenso, disse Bethann Hardison, agente de modelos.

"Eis que surge essa mocinha e ela é inegavelmente escura. De repente todos dizem: 'Incrível! Impressionante! Como ela está linda com essa roupa. Mais que modelo, ela tem a qualidade de uma musa'. Bastou tirá-la do pó e da lama, lavá-la com sabonete e colocá-la no tapete vermelho para todos verem que a garota realmente tem 'um quê a mais'."

Foi só após ela aparecer muito em tapetes vermelhos de eventos que os executivos da marca de cosméticos Lancôme a notaram.

Eles despertaram para "a questão mais profunda que há na beleza interior", conforme disse Nyong'o em um de seus discursos em jantares de premiação.

Enquanto se ajusta ao brilho constante dos holofotes, ela se apoia em sua formação para seguir com os pés no chão.

"Agora já me sinto mais à vontade, e acho isso muito útil quando vivemos experiências tão arrebatadoras. Eu consigo lembrar de recorrer à gravidade, pois ela é minha amiga quando ninguém mais é", emendou, rindo.


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