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Lente

Não basta apenas a voz para conquistar a audiência

Um transformista barbado e uma freira cantora

A lista de participantes de vários concursos de calouros na TV se assemelha aos tópicos do jumptheshark.com, um site que lista os momentos em que os roteiristas inventam um artifício para tentar segurar atenção dos espectadores.

A frase é baseada em uma cena da série "Happy Days", exibida nos EUA entre 1974 e 1984, quando o personagem Fonzie pula sobre um tubarão usando esquis aquáticos. Foi o caso da americana Jennifer Grout, finalista em dezembro do programa "Arabs Got Talent", cantando música árabe tradicional apesar de não falar o idioma.

Poucos se esquecem de Susan Boyle, que com sua modesta presença de palco se tornou uma sensação viral, passando de cantora em uma paróquia católica para o reconhecimento internacional depois de participar do programa "Britain's Got Talent".

Para uma presença de palco mais marcante, a deixa fica para a banda finlandesa de heavy metal Lordi, que se apresentou com máscaras de monstros e ganhou o prêmio Eurovision em 2006.

O vencedor do Eurovision deste ano foi Conchita Wurst, um transformista austríaco barbado, com vestido longo dourado e cintilante, cuja interpretação de "Rise Like a Phoenix" derrotou os rivais.

Ao mesmo tempo, na versão italiana do "The Voice", a freira Cristina Scuccia, que foi inspirada a cantar por uma ex-atriz de filmes eróticos, impressionou os jurados e já se aproxima de 50 milhões de visitas no site YouTube, em sua caminhada até a final, em junho.

Sob muitos aspectos, esses programas refletem tendências sociais. Wurst, nome artístico de Thomas Neuwith, 25, sacudiu o público em Copenhague, mas conservadores na Rússia e em países do Leste Europeu não se impressionaram.

Eles veem o exagero dos shows como um sinal do Ocidente decadente e moralmente falido. Wurst parecia não ligar para os críticos:

"Isto é dedicado a todos os que acreditam num futuro de paz e liberdade", disse, acrescentando que "ninguém pode nos parar".

Já na Itália, segundo o "The New York Times", a discussão é como irmã Cristina simboliza o chamado "efeito Francisco", depois que o novo papa mudou a atmosfera do Vaticano e as atitudes sobre o catolicismo.

Suas apresentações exuberantes de canções como "Girls Just Want to Have Fun", de Cindy Lauper, e "No One", de Alicia Keys, chamaram a atenção para um programa com baixa audiência.

"Meu sonho era ser cantora", disse irmã Cristina à agência estatal de notícias italiana. "O Senhor fez uso do meu desejo de me devotar a ele, e está concretizando um sonho de uma forma que eu nunca teria imaginado."

Enquanto uma freira cantora proporcionou a salvação para pelo menos um concurso de calouros em um país, a situação é desoladora nos Estados Unidos, onde "American Idol" enfrenta uma fase difícil, e "X Factor", um programa na mesma linha, foi tirado do ar (versões do programa ainda são exibidas em 40 países).

"Eles inundaram o mercado", disse Simon Cowell, o jurado e produtor britânico que trouxe esses programas para os Estados Unidos, em entrevista ao "The New York Times".

Ele pode se considerar responsável por transformar um bom número de cantores amadores em grandes astros, com seu papel em programas como "American Idol", "The X Factor" e "America's Got Talent".

"Há um monte de programas, e alguma coisa simplesmente deu errado."

No começo do mês, "Idol" registrou o menor índice de audiência da sua história, com apenas 7 milhões de espectadores -numa temporada passada, chegou a atingir mais de 30 milhões.

A média de idade de espectadores aumentou consideravelmente, de 32 anos na primeira temporada, em 2002, para 52 na atual.

Como disse ao "New York Times" Brad Adgate, um executivo de uma empresa americana de conteúdo de mídia: "Agora é o 'Idol' da sua avó".

TOM BRADY

Envie comentários para nytweekly@nytimes.com


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