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New York Times

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Recuperação desigual divide países da zona do euro

Por LIZ ALDERMAN

PARIS - Segundo muitas estimativas, a zona do euro está se recuperando da profunda recessão que começou em 2008, depois da queda do Lehman Brothers. Os mercados financeiros estão em clima de comemoração, e, nos últimos meses, caíram os custos dos empréstimos até para as economias mais combalidas. Os políticos declaram que o pior da crise já passou. Mas a natureza desigual da recuperação -entre um grupo de países fortes no norte e um leque maior de países fracos na borda sul- dificultou que a economia como um todo ganhasse ímpeto.

O crescimento na união monetária subiu 0,2% no primeiro trimestre, o que significa um crescimento anual de 0,8%, segundo dados divulgados em 15 de maio pela Eurostat, a agência de estatísticas europeia. Embora tenha sido o quarto trimestre consecutivo de expansão, o número foi a metade do que os economistas esperavam. O crescimento é tão fraco que poderiam se passar anos antes que a Europa se recupere realmente. A economia da zona do euro, de modo geral, ainda está mais de 2% menor do que antes da crise. E o ritmo da recuperação, segundo economistas, é ainda mais lento do que depois da Grande Depressão da década de 1930.

As diferenças entre os países são marcantes. Enquanto a economia da Alemanha se expandiu 0,8% no primeiro trimestre, a da França voltou à estagnação. Itália, Portugal e Grécia encolheram ainda mais. "A menos que o crescimento na zona do euro realmente se acelere, a perspectiva de uma década perdida é real", disse Jacob Funk Kirkegaard, do Instituto Peterson de Economia Internacional, em Washington. "Isso importa porque muda permanentemente o centro de poder político do euro para os países mais fortes do norte da Europa. Nos países meridionais, isso significa um declínio no padrão de vida que poderá durar mais de uma década."

Essa dinâmica está aumentando a pressão para que o Banco Central Europeu estimule a economia, algo que precisa ocorrer muito rápido para Mina Giannandrea, 68, dona de lojas de roupas de grife em Roma -um luxo que poucas pessoas podem pagar.

Enquanto a crise e as medidas de austeridade impostas pelo governo esgotavam a economia italiana, Giannandrea fechou duas de suas quatro lojas e demitiu oito funcionários desde 2012. O desemprego na Itália, a terceira maior economia da zona do euro, aumentou para 13%, acima do nível geral da zona do euro, de cerca de 12%. "As pessoas precisam de esperança", disse Giannandrea. "Como minha empresa pode se recuperar, se metade das famílias que conheço está desempregada?"

Existem motivos para otimismo na zona do euro. O investimento e a atividade industrial têm se recuperado e a confiança do consumidor aumentou. A Espanha, quarta maior economia da zona do euro, deixou a recessão e teve três trimestres seguidos de crescimento.

Mas muitas outras economias europeias estão sufocadas pelos efeitos das medidas de austeridade impostas em reação à alta dívida dos governos. A Grécia, por exemplo, luta para compensar uma contração econômica de quase 25% desde 2008, enquanto impõe corte de gastos e aumento de impostos. A França, que combateu duas recessões rasas em dois anos, voltou ao crescimento zero no primeiro trimestre, contra um aumento de 0,2% no quarto trimestre de 2013. Os Países Baixos, também sob um plano de austeridade, tiveram uma contração drástica no primeiro trimestre, enquanto sua economia encolhia 1,4% em relação ao trimestre anterior.

A produtividade na maioria dos países da zona do euro teria de dar grandes saltos para compensar o crescimento perdido durante a crise, dizem economistas.

"A pergunta é: Qual é o futuro da Europa no século 21?", indaga Kenneth Rogoff, professor de economia na Universidade Harvard. "Ela ainda conseguirá crescer e concorrer com a Ásia e regiões mais dinâmicas?"

O Produto Interno Bruto da Itália encolheu mais de 8% em seis anos. A economia precisaria crescer 3,7% em cada um dos próximos dois anos -muito mais rápido que seu ritmo atual de 0,6%- para retornar ao ponto em que se situava em 2008, segundo a PwC.

Giannandrea duvida de que isso acontecerá tão cedo. Matteo Renzi, o novo primeiro-ministro italiano, prometeu uma nova abordagem para revigorar a economia e cortar o desemprego, incluindo uma revisão do sistema fiscal e a simplificação dos regulamentos para as empresas. Mas a revisão de muitas leis trabalhistas italianas que encarecem a contratação e a manutenção de empregados continua sendo "um sonho", disse Giannandrea.

Colaborou Gaia Pianigiani, de Roma


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