Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

New York Times

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Casais recorrem a apps para fazer as pazes

Aplicativos tentam mediar brigas entre parceiros

Por ABBY ELLIN

Quando Steve S. e Sarah B. brigam, eles fazem o seguinte: respiram fundo, procuram seus respectivos smartphones e abrem o "Couple Counseling & Chatting" (Aconselhamento e Bate-Papo para Casais), um aplicativo. O app é gratuito e foi criado pela terapeuta deles (na vida real), Marigrace Randazzo-Ratliff. Ele ajuda Steve e Sarah, casados há dez anos e com dois filhos pequenos, a entender por que estão discutindo.

"Quando não estamos bem, brigamos até mesmo pelas coisas mais insignificantes", comentou Steve, 44. Gerente de desenvolvimento de marcas, ele vive em Ann Arbor, Michigan, e pediu que seu sobrenome não fosse divulgado, para que pudesse falar com mais liberdade. "Usamos o app para entender o que realmente está nos levando às situações de conflito."

Não é de hoje que pessoas recorrem à tecnologia para encontrar parceiros. Hoje, porém, a tecnologia exerce um papel crescente nos relacionamentos. Assim, não chega a surpreender que tenham surgido novos aplicativos para facilitar a comunicação e prevenir conflitos entre casais. Entre os apps mais novos estão o Couple Counseling & Chatting, Embre e Romantimatic. Entre os mais antigos, Fix a Fight e Love Maps, este criado pelos especialistas em relacionamentos John e Julie Gottman, do Instituto Gottman, de Seattle.

A terapeuta de casais Leslie Malchy, de Vancouver, considera que aplicativos como esses podem ser úteis, especialmente "como adjuntos do processo de terapia". Mas ela não recomendaria essa abordagem a casais que passam por crises extremas. Na verdade, opinou, alguns parceiros podem se esconder atrás de apps "para continuarem distantes".

Não existem estudos científicos sobre como ou mesmo se softwares de relacionamentos podem ajudar casais em crise.

A terapeuta Randazzo-Ratliff disse que seu aplicativo, o Couple Counseling & Chatting, nasceu de seus 25 anos de experiência com terapia de casais. "Eu queria ensinar as pessoas a resolver seus conflitos", disse. "Existem na vida fatores de estresse, maus hábitos que trazemos do passado e diferentes elementos que complicam nossas relações. E, infelizmente, todos descarregamos nosso estresse sobre nosso parceiro."

Os usuários do aplicativo preenchem um formulário de autoavaliação, respondendo a perguntas do tipo: "Como você lida com a raiva?", "Você é passivo-agressivo?", "Você é diretamente confrontador?".

Depois de determinar qual é seu estilo nas discussões, os parceiros recebem uma "lição de casa": sentar-se e discutir uma situação específica ou entrar na banheira e massagear os pés um do outro. Depois de feita uma das lições, os casais passam para a série seguinte de perguntas. Teoricamente, poderiam continuar fazendo o trabalho para sempre.

Mas o psiquiatra Daniel Bober, que trabalha com casais em Hollywood, Flórida, e é professor na Escola de Medicina Yale, vê os apps de relacionamento com ceticismo.

"É irônico que as pessoas usem um aplicativo para resolver conflitos", explicou, "porque parte da resolução de conflitos consiste em se comunicar, e uma parte grande da comunicação entre humanos é não verbal", exigindo interação cara a cara.

O Romantimatic, que pode ser descarregado da loja de apps da Apple por US$ 1,99, é mais um "aplicativo de mitigação de conflitos", segundo seu fundador, Greg Knauss, 46. Knauss é programador de computadores em Woodland Hills, Califórnia, é casado há 18 anos e tem três filhos adolescentes.

Os usuários podem criar seus próprios sonetos de amor ou enviar mensagens prontas, como se fossem Cyranos de Bergerac virtuais: "Estou totalmente atolado de trabalho, mas você não sai de minha cabeça". "Ei, estou com uma massagem de costas a mais aqui. Você sabe de alguém que pode querer?".

"Pelo fato de se comunicarem regularmente -e terem a base de boa vontade que decorre disso-, quando conflitos surgem no relacionamento, eles podem ser tratados de modo mais fácil, rápido e sensato", disse.

Alguns casais acham que sua união está mais forte graças a aplicativos como o Couple Counselling & Chatting. É o caso de Quinn e Nathan Strong, de Shreveport, Louisiana, ambos com 26 anos.

"Tivemos problemas de comunicação", comentou Quinn, artista plástica que cuida dos filhos em casa.

Então ela e Nathan resolveram tentar o aplicativo. "Para mim, o app converte uma desavença que poderia continuar por muito tempo em um desentendimento mais passageiro, que acaba sendo muito bem resolvido. Hoje, nossos desentendimentos têm uma finalidade."


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página