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New York Times

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Vítimas de furto rastreiam seus celulares e encaram ladrões

Por IAN LOVETT

WEST COVINA, Califórnia - Depois de uma balada num sábado à noite, Sarah Maguire acordou na manhã seguinte e descobriu que seu iPhone tinha sumido. O celular de sua colega de quarto também. Onde estariam os aparelhos: no bar ou no táxi?

Usando o aplicativo "Find My iPhone" em seu computador, ela descobriu que alguém tinha levado os dois telefones para West Covina, cidade próxima de Los Angeles, a 50 km de distância de seu apartamento, em West Hollywood. Então Maguire, que tem 26 anos e é uma esbelta instrutora de ioga, fez o que vêm fazendo cada vez mais vítimas de roubo de telefones: foi enfrentar os ladrões sozinha. E conseguiu os aparelhos de volta.

Com o aumento da incidência de roubos de smartphones, aplicativos como o Find My iPhone permitem que vítimas de roubo, como Maguire, tomem medidas concretas nos casos em que a polícia não o faz. Mas o aumento desse tipo de ação preocupa a polícia, para a qual as pessoas estão correndo riscos para recuperar um objeto que pode ser facilmente substituído. "É um fenômeno novo. Não se trata de correr atrás de alguém que acabou de roubar seu telefone", disse George Gascón, promotor público em San Francisco. "Isso abre uma oportunidade para as pessoas fazerem justiça com as próprias mãos, e elas podem se meter em situações complicadas. Algumas tiveram êxito, mas outras saíram feridas."

De acordo com a revista "Consumer Reports", mais de 3 milhões de celulares foram roubados nos EUA no ano passado. Os iPhones são os telefones mais procurados pelos ladrões. Mas hoje existem apps que rastreiam celulares roubados, usando GPS. Embora a perseguição a ladrões possa ocasionalmente ter bons resultados, também pode levar à violência, especialmente pelo fato de algumas pessoas se armarem quando saem à caça de seus smartphones roubados. Uma das armas mais usadas é o martelo. Um homem de Nova Jersey acabou sendo detido, ele próprio, depois de usar a tecnologia de GPS para rastrear seu iPhone perdido e atacar o homem errado, que confundiu com o ladrão.

Um investigador de polícia de Los Angeles, que pediu para não ter seu nome divulgado, disse que estava com seu filho em uma partida de futebol quando seu celular foi furtado. Eles viram pelo GPS que o aparelho se afastava do campo e seguiram um carro, primeiro até um shopping center e depois até uma residência. O policial bateu na porta da casa do ladrão e seu filho ligou para o celular, que tocou dentro da bolsa do rapaz que o tinha roubado.

O policial observou que estava acompanhado por três outros policiais de folga e aconselhou qualquer outra pessoa que tenha seu telefone roubado a chamar a polícia.

Mesmo assim, embora os departamentos de polícia venham dedicando mais recursos ao combate ao furto de smartphones, a maioria não tem condições de rastrear todos os aparelhos roubados imediatamente, especialmente se o telefone tiver sido esquecido num bar, e não roubado num assalto à mão armada. Apesar dos riscos evidentes, a localização do aparelho perdido, piscando num aplicativo com GPS, é uma atração irresistível para muitos.

Quando Nadav Nirenberg perdeu seu iPhone, na véspera de Ano-Novo de 2012, percebeu que alguém estava enviando mensagens a partir de sua conta no OkCupid. Ele atraiu o ladrão até seu apartamento no Brooklyn, fazendo-se passar por mulher e flertando com ele no serviço de namoro.

Quando o ladrão chegou, levando uma garrafa de vinho e pensando que teria um encontro com "Jennifer", Nirenberg acercou-se dele por trás com um martelo. Ele deu ao ladrão uma nota de US$ 20 para apaziguá-lo e compensá-lo por seu tempo e o vinho e exigiu que ele devolvesse o telefone. O ladrão entregou o aparelho e foi embora.

Alguns chefes de polícia defendem outra solução que, segundo eles, pode acabar por completo com o roubo de smartphones: a inclusão no aparelho de um "botão desligar" obrigatório que impossibilitaria o uso de celulares roubados. Com isso, eles deixariam de ser atraentes para ladrões.

Após anos de pressão, os fabricantes de celulares, incluindo a Apple, estão começando a incluir esse elemento nos aparelhos.

Sarah Maguire ponderou os prós e contras durante horas antes de se decidir a ir atrás de seu telefone roubado. "Olhamos a área no Google Maps e não era barra pesada", disse. A casa para onde seu telefone tinha sido levado ficava numa rua residencial tranquila. Ela bateu na porta, que foi aberta por um homem grande de cerca de 30 anos. "Acho que você está com meu telefone", disse Maguire, hesitante. O homem negou. Mas ela o pressionou, insistindo que o GPS a tinha levado até esse endereço.

O homem voltou para dentro. Finalmente, retornou com um telefone. Então, após mais negociações, com o segundo.

Sem ter certeza de que o perigo tivesse acabado, Maguire correu de volta a seu carro.


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