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New York Times

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Ensino do sânscrito ganha apoio

Por ELLEN BARRY

NOVA DÉLI - O Instituto Nacional do Sânscrito, pertencente ao governo indiano e situado num bairro decadente da zona oeste de Nova Déli, tem todas as características de um projeto público que caiu no esquecimento.

Fios elétricos soltos se penduram de sua fachada. Um dos estudiosos seniores do instituto, Ramakant Pandey, recebe os visitantes em uma sala iluminada por uma lâmpada fluorescente, sob um ventilador de teto que gira lentamente.

Sua boca estava manchada de vermelho forte por mastigar "paan", como o bétele é conhecido em hindi. Mas Pandey não estava desanimado. "Bons tempos estão chegando", disse.

O verão deste ano é tempo de uma troca da guarda, com um novo grupo, liderado pelo primeiro-ministro Narendra Modi, ocupando residências pagas pelo governo na capital, deslocando a intelligentsia anglófona que cerca o Partido do Congresso.

Um projeto que quase certamente vai se beneficiar da mudança é o ensino do sânscrito, idioma antigo dos estudiosos brâmanes. "Este governo vai ajudar o sânscrito, sabemos disso", falou Pandey. "São pessoas tradicionais, que amam a literatura e a cultura."

Muitos linguistas são céticos, observando que, mesmo na época áurea do sânscrito, 1.500 anos atrás, a língua era usada sobretudo por intelectuais brâmanes como o idioma do discurso erudito. O sânscrito nunca foi uma língua-mãe.

No censo mais recente, apenas 50 mil indianos identificaram o sânscrito como sua primeira língua. Foram mais que os 14 mil que deram essa resposta em 2001, mas ainda muito menos de um centésimo de 1% da população.

Esse fato não abalou o entusiasmo dos nacionalistas hindus, que enxergam a língua como vínculo com uma civilização não corrompida pelos imperadores muçulmanos de língua persa e os vice-reis britânicos, que falavam inglês.

Os primeiros líderes da independência esperavam eliminar paulatinamente o inglês como língua oficial, mas a tentativa provocou protestos amplos no sul do país, onde o hindi é pouco falado.

Os defensores da recuperação do sânscrito adotam algumas medidas incomuns, como criar seus filhos falando apenas sânscrito em casa.

A nova chanceler indiana prestou juramento em sânscrito, sendo seguida pelo ministro dos Recursos Hídricos, o ministro da Saúde e pelo menos duas dúzias de outros. No final de maio circularam rumores de que o próprio Narendra Modi poderia fazer o mesmo.

Rakesh Kumar Misra, que edita um jornal semanal em sânscrito em Nova Déli, disse que tinha preparado uma versão em sânscrito do juramento do premiê, para ser publicada na ocasião.

Mas no final, ele disse em entrevista, Modi optou pelo hindi. "Teria sido um grande incentivo ao sânscrito", disse Misra. "Ele deve ter decidido que era mais importante unir todos os setores da população."


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