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New York Times

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Civis planejam resgate de antiga espaçonave

Por KENNETH CHANG

Há 17 anos, a espaçonave percorre sua rota no Espaço. Lançada durante a era da discoteca e desativada em 1997, ela agora retorna à civilização que a abandonou.

O momento parecia destinado a passar sem fanfarras, exceto pela ligeira probabilidade de que a sonda colidisse com a Lua e depois saísse em elipses desordenadas pelo sistema solar.

Mas agora, um grupo de civis que transformou uma loja abandonada da rede McDonald's em central de operações conseguiu entrar em contato com a espaçonave -o primeiro passo para reconduzi-la à órbita da Terra.

Depois de 36 anos no Espaço, o International Sun-Earth Explorer-3 (Isee-3) parece estar em bom estado de funcionamento. O principal desafio, dizem os engenheiros, é descobrir como controlá-lo. O manual de operações do aparelho, do qual eles têm apenas uma versão fragmentada, é ocasionalmente contraditório.

"Nós nos definimos como tecnoarqueólogos", diz Dennis Wingo, engenheiro e empresário que, com a sua empresa, Skycorp, assumiu o controle do projeto. No final de maio, usando o radiotelescópio do Observatório de Arecibo, em Porto Rico, a equipe fez contato com o aparelho. Isso fez da Skycorp a primeira organização privada a assumir o comando de uma espaçonave fora da órbita da Terra, disse Wingo.

Ele acrescentou que sua equipe estava se preparando para disparar os propulsores da nave dentro de algumas semanas.

A Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço (Nasa) norte-americana lançou o Isee-3 em 1978. O aparelho orbitava o Sol, entre o Sol e a Terra, permitindo que cientistas observassem pela primeira vez a corrente de partículas de alta velocidade conhecida como vento solar, antes que ela atingisse a Terra. Depois passou a observar o cometa Giacobini-Zinner e atravessou sua cauda em setembro de 1985.

Desde sua aposentadoria, em 1997, o Isee-3 está em órbita de 355 dias em torno do Sol. Como um carro de corrida dando voltas rápidas e obtendo voltas de vantagem sobre os rivais mais lentos, o Isee-3 alcançará e ultrapassará a Terra em dois meses. Era exatamente essa a intenção de Robert Farquhar, o diretor de voo do programa. Farquhar calculou as órbitas que conduziram o Isee-3 a diversos locais na corrente de vento solar e foi dele a ideia de usar o aparelho para observar o cometa Giacobini-Zinner.

Três disparos dos foguetes de manobra em 1986 colocaram a sonda em um curso que a conduziria a um ponto 50km acima da superfície da Lua 28 anos mais tarde, em 10 de agosto de 2014, com um efeito estilingue que deixaria o Isee-3 em órbita em torno da Terra. Farquhar sugeria que um ônibus espacial poderia recolher o veículo e trazê-lo de volta ao planeta.

O resto da Nasa não estava pensando em um futuro tão distante. Em 1999, a agência atualizou a Deep Space Network, o sistema de radiotelescópios que se comunicam diretamente com sondas espaciais distantes. Os velhos transmissores capazes de se comunicar com o Isee-3 foram descartados. Mas a nave não foi desligada. Continuou a transmitir, à espera de ordens.

A Nasa estudou restabelecer o contato para a manobra projetada para 2014, mas concluiu que o rendimento científico não justificaria os custos envolvidos. Os fãs da espaçonave persistiram, argumentando que ela podia ser usada para treinar futuros cientistas e engenheiros. Mas, em fevereiro, Leonard Garcia, funcionário da Nasa que criou uma página de Facebook em defesa do Isee-3, admitiu que novos transmissores custariam um preço que ninguém se disporia a pagar.

Wingo e Keith Cowing, editor da "Nasa Watch", decidiram que retomar o contato com o Isee-3 era digno de esforço. "Não só o contato não é impossível", disse Wingo, "como acredito que possa funcionar, e sei como fazê-lo".

Cerca de 20 outras pessoas aderiram ao projeto, entre os quais muitos membros da equipe inicial do Isee-3. No RocketHub, site de crowdfunding, eles solicitaram US$ 125 mil para ajudar a bancar os custos. Recolheram quase US$ 160 mil, de 2.238 doadores. Wingo agora persuadiu a Nasa a usar a Deep Space Network para identificar a trajetória do Isee-3, a fim de calcular o disparo do propulsor necessário a colocar a espaçonave em órbita da Terra. Os cálculos do Dr. Farquhar em 1986 eram próximos, mas não exatos. Erros mínimos são magnificados com o tempo, e existia a possibilidade de que o aparelho estivesse em rota de colisão com a Lua.

Farquhar, 81, está semiaposentado, mas concordou em colaborar no esforço de reativação. Ele quer enviar o Isee-3 em visita a outro cometa.

Wingo protesta que isso custaria dinheiro demais. "Nós vamos ao cometa", disse o Dr. Farquhar. "Pode acreditar."


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