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New York Times

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Aparelho de jardinagem pode ajudar agricultores

Sensor monitora umidade e nível de nutrientes do solo

Por CLAIRE MARTIN

Um limoeiro está crescendo no quintal de Jason Aramburu, em Berkeley, Califórnia, ao lado de roseiras, flamboyants-mirins, morangueiros e abobrinhas. O jardim está indo muito bem, mas sua manutenção não requer quase nenhum esforço de Aramburu. Boa parte do trabalho fica por conta de um sensor de solo de 30 cm.

O aparelhinho de plástico e aço inoxidável, coroado por uma minúsculo painel solar, determina quanta água o jardim precisa a cada dia, usando a rede Wi-Fi de Aramburu para se comunicar com uma válvula ligada a um sistema de irrigação. Quando o ar está úmido ou há previsão de chuva, a válvula limita ou corta o fornecimento de água. Se faltam nutrientes no solo, Aramburu recebe um alerta em um app de smartphone, mandando-o acrescentar fertilizante.

O sensor de solo e a válvula de água são criações do próprio Aramburu, que vai começar em breve a vendê-los por meio de sua nova empresa, a Edyn. Mas seus planos não se limitam a ajudar pessoas que vivem em bairros de alto padrão a cultivar variedades exóticas de couve e beterrabas. Aramburu também pretende vender seus sensores, por preços módicos, a produtores agrícolas de países em desenvolvimento, para ajudá-los a cultivar alimentos de modo mais eficiente e sustentável.

Por meio da Edyn, Aramburu, 29, quer combater os problemas da seca e da escassez de alimentos. Embora o conceito de empresas com fins lucrativos tratarem de questões sociais não seja novo, até recentemente os empreendedores de viés humanista eram frustrados por limitações de capital.

Nos últimos anos, porém, esse tipo de esforço comercial está começando a ganhar o respaldo de investidores e organizações sem fins lucrativos que recebem doações. Também escolas estão adotando o empreendedorismo social como área de estudo: a Said Business School de Oxford, por exemplo, promove uma conferência anual de empreendedorismo social. O clube de empreendedorismo social da Harvard Business School é um dos maiores grupos extracurriculares da faculdade.

Depois de se formar em ecologia e biologia evolutiva pela Universidade Princeton, em Nova Jersey, em 2007, Aramburu estudou ciências do solo no Instituto Smithsonian de Pesquisas Tropicais, no Panamá, e trabalhou numa start-up de tecnologia de Manhattan. Graças a essas experiências, em 2008 ele criou a ideia de fabricar e vender uma alternativa ao fertilizante, a biochar (biomassa carbonizada). Aramburu aperfeiçoou sua biochar e começou a vendê-la a jardineiros nos EUA. Além disso, criou uma relação com 5.000 pequenos produtores no Quênia e vendeu biochar a eles por um preço muito reduzido.

Aramburu tinha notado que gerações anteriores de empreendedores estavam mais interessados em ganhar dinheiro do que em resolver problemas globais. Mas essa dicotomia parece ser menor entre empreendedores mais jovens. "Acho que não podemos continuar a fazer 'business as usual', visando maximizar os lucros e nada mais", opinou.

Depois de usar alguns dos lucros que conseguiu com a biochar para fundar a Edyn, Aramburu levantou US$ 1,6 milhões com investidores do Vale do Silício. Um deles, Yves Behar, cofundador da empresa de design industrial Fuseproject, também subscreveu o design do sensor de solo, da válvula e do app para smartphone da Edyn.

Pelos cálculos de Aramburu, à medida que a demanda pelos sensores e válvulas aumentar nos EUA e que a empresa começar a produzi-los em lotes maiores, os custos de produção vão cair, de modo que será financeiramente viável vender os aparelhos por um custo mínimo a produtores no mundo em desenvolvimento, como ele fez com a biochar. Nos países em que os produtores não tenham acesso à internet, os sensores usarão redes de telefonia celular.

Aramburu também espera ter um impacto mais perto de casa. Ele diz que os aparelhos podem reduzir significativamente o consumo de água, algo que pode ser altamente benéfico para partes dos EUA assoladas por secas.

A ideia de criar a Edyn surgiu do trabalho de Aramburu com a biochar e foi reforçada quando ele leu um relatório do Departamentos de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas mostrando que a população global chegará a 9,6 bilhões até 2050.

Aramburu se perguntou como poderia "usar a tecnologia e a internet para ajudar produtores agrícolas e outras pessoas a cultivar mais alimentos".


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