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New York Times

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Teresa Fitzgerald

Freira acolhe filhos de mulheres presas

Por JOHN LELAND

Uma freira baixa e grisalha chamada Teresa Fitzgerald resgatou Venita Pinckney de uma casa de crack. Pinckney era dependente química havia 23 anos, traficante e prostituta. Tinha perdido seus dois filhos, entregues a famílias adotivas temporárias. "Mas ela não se prendeu a isso", disse Pinckney, falando da freira.

Irmã Tesa, como é conhecida, ajudou Pinckney a entrar para um programa de reabilitação de drogas, deu-lhe um emprego e um quarto e a ajudou a conseguir seus filhos de volta. "Eu nunca tinha pensado que existisse gente assim no mundo", falou Pinckney, que hoje tem 42 anos e comanda um abrigo para outros ex-dependentes.

No Queens, em Nova York, entre dois dos maiores conjuntos habitacionais públicos do país, dezenas de outras mulheres poderiam contar histórias semelhantes sobre a irmã Tesa.

No ano passado, a freira foi homenageada pela Casa Branca por seus esforços para criar prédios de apartamentos, brechós, creches, sacolões populares e programas de formação profissional.

Hoje com 67 anos, Teresa Fitzgerald não planejou passar sua vida trabalhando entre detentas e seus filhos. Mais de 100 mil mulheres estão encarceradas em prisões nos EUA, incluindo as mães de quase 150 mil crianças.

Depois de trabalhar no sistema de ensino católico, 27 anos atrás Fitzgerald atendeu a um chamado diferente, criando um lar para crianças que já tinham passado da idade para ficar em creches de penitenciárias.

"Foi um momento de revelação", contou. "Eu nunca tinha me colocado na posição de imaginar o que as crianças deveriam sentir quando sua mãe era levada embora. Eu não poderia me imaginar sendo separada de minha própria mãe dessa maneira."

Ela deu à sua organização o nome de Hour Children [um trocadilho: hora crianças/nossas crianças], numa alusão à hora em que a mãe foi presa, a hora permitida para visitas e a hora de soltura da mãe. Quando alguns vizinhos tentaram impedir sua organização de crescer, irmã Tesa levou duas mulheres a uma reunião da comunidade para contar suas histórias.

"Eu ouvia pessoas dizendo: 'Elas poderiam ter feito outras escolhas'", comentou. "Mas, para algumas delas, não havia outras escolhas."

Hoje a Hour Children garante abrigo para até 70 famílias, em muitos casos recebendo crianças quando suas mães vão para a prisão ou são internadas em programas de reabilitação de dependência de drogas.

Uma vez Venita Pinckney chegou com uma má notícia. Outra mãe, recém-saída da prisão, desobedeceu o "toque de recolher" na primeira noite que passou no abrigo e depois discutiu com Pinckney sobre isso. "Acho que ela tem outras prioridades", disse Pinckney.

"Acho melhor cortarmos isso pela raiz", disse irmã Tesa. Mas então cedeu, como faz de vez em quando: "Vamos dar mais um dia a ela e ver o que acontece."

Pinckney sabe tudo sobre as segundas chances que irmã Tesa às vezes dá às pessoas. Antes de ser resgatada da casa de crack pela freira, ela tinha abandonado a Hour Children e voltado para a rua. "Hoje sei que tenho escolhas", comentou. "Antes, eu pensava que aquela vida que eu levava era a única possível."

Irmã Tesa comentou: "É de partir o coração, mas o que se pode fazer? Nem todo mundo quer fazer o que propomos. A única coisa que se pode fazer é dar outra chance às pessoas."


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