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New York Times

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Estresse de combate persiste em veteranos do Vietnã

Por BENEDICT CAREY

A maioria dos combatentes veteranos que tiveram estresse pós-traumático persistente uma década ou mais depois de servir na guerra do Vietnã mostrou surpreendentemente pouca melhora desde então, e uma grande porcentagem deles morreu, constatou um novo estudo que atualizou uma pesquisa de referência iniciada uma geração atrás. Membros de minorias que se alistaram nas Forças Armadas antes de concluir o colegial mostraram tendência especial a desenvolver esse trauma, e o mesmo se deu com veteranos que tinham matado várias vezes em combate, descobriu o estudo.

A nova análise faz parte do primeiro esforço para rastrear uma grande mostra representativa de membros das Forças Armadas ao longo de sua vida adulta. É provável que tenha implicações para o tratamento do estresse pós-traumático durante anos.

O estudo confirma que a maioria dos veteranos de guerra aprende a lidar com o estresse.

Mas a maioria dos que não o fazem -11% na amostra dos veteranos do Vietnã- pode conviver com o estresse pós-traumático pelo resto da vida. Estimados 13% dos soldados ativos hoje e 10% dos fuzileiros navais apresentam transtorno do estresse pós-traumático, ou TEPT, caracterizado por flashbacks que os deixam "paralisados", hiperexcitação e problemas para dormir, e cerca de 120 mil deles buscaram tratamento em 2012, segundo cifras do governo dos EUA.

"Este estudo nos mostra como será o futuro desses militares", disse um dos autores do estudo, Charles Marmar, diretor do Centro Cohen para Veteranos da Universidade de Nova York. "Um número importante de veteranos de guerra terá TEPT por toda a vida, a não ser que façamos algo radicalmente diferente."

Mais de 18% dos veteranos de guerra com TEPT morreram antes de chegar à idade de aposentadoria -mais ou menos o dobro da porcentagem dos que não apresentavam o transtorno.

"Já financiamos muitos projetos para aprimorar o tratamento do TEPT, mas este estudo revela que precisamos fazer melhor", comentou F. Alex Chiu, do Departamento de Assuntos de Veteranos de Guerra. "Precisamos compreender estes sofredores crônicos."

Os veteranos de guerra com TEPT vitalício são usuários frequentes dos serviços de saúde. Dois terços deles relataram ter discutido problemas de saúde mental nas consultas que fizeram nos últimos seis meses, contra 11% dos que não sofrem de TEPT.

"É um número que chama a atenção, porque claramente o atendimento não parece tê-los ajudado muito", disse Simon Wessely, diretor do Centro de Pesquisas sobre Saúde de Militares do King's College London, em e-mail. "Duvido muito que a falta de tratamento seja a responsável."

Os veteranos de guerra hispânicos têm três vezes mais chances que os brancos de desenvolver o transtorno, e os negros, duas vezes mais. Essas diferenças étnicas foram vistas também em outros estudos, mas a diferença foi explicada principalmente por disparidades de educação e de exposição a combate.

Médicos que tratam o TEPT dizem que inúmeros pacientes já melhoraram com terapia, incluindo dezenas de milhares de veteranos de guerra. Surpreendentemente, os veteranos de guerra com TEPT vitalício não mostraram ter chance maior de morrer de doenças cardíacas que os que não têm o transtorno.

Cerca de dois em cada dez dos veteranos que participaram do estudo de referência no início, na década de 1980, tiveram morte precoce, antes de chegar à idade de aposentadoria. Os que tinham TEPT vitalício tiveram probabilidade duas vezes maior de morrer que aqueles que não apresentavam o transtorno. Em muitos casos, suas vidas foram ceifadas pela dureza da existência às margens da sociedade: lesões, acidentes, suicídio, homicídio.


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