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New York Times

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Corrupção pertuba cidade histórica

Por RANDAL C. ARCHIBOLD

ANTIGUA, Guatemala - O majestoso Vulcão de Fogo deu mostras de atividade recentemente, abalando a meca turística de cores pastéis e estarrecendo visitantes com a alta nuvem de fumaça que foi expelida.

Os turistas estão perdoados por não ter se dado conta de uma erupção mais sutil naquele dia de setembro: a prisão do prefeito e de outras nove pessoas numa ação contra a corrupção. A detenção foi vista como um passo importante no combate a um tipo de conduta política ilegal que há muito tempo é vista como algo corriqueiro na Guatemala.

O país ainda está se recuperando de uma guerra civil que durou 36 anos, matou 200 mil pessoas e terminou em 1996. É uma das nações mais violentas e pobres do hemisfério. A corrupção já se espalhou do menor vilarejo até os altos escalões do poder.

Em Antigua, uma maravilha da arquitetura colonial, com ruas de pedra, restaurantes finos, escolas de idiomas e ótimo café, os moradores achavam que estavam distantes dos problemas da Guatemala. Mas a superfície tranquila ocultava uma turbulência popular.

O prefeito de Antigua, Adolfo Vivar Marroquín, e seu cunhado, o diretor financeiro da prefeitura, além de outras oito pessoas, foram presos sob acusação de fraude, lavagem de dinheiro e abuso de autoridade.

Vivar foi acusado de roubar milhões de dólares de recursos públicos através de superfaturamento de contratos, empregos falsos, nepotismo e manobras contábeis. As acusações foram graves o suficiente para que as rédeas do caso fossem assumidas por uma equipe especial de promotores das Nações Unidas, que está presente no país desde 2007 para combater a impunidade e o crime organizado.

Francisco Dall'Anese, ex-procurador-geral de Costa Rica e hoje líder do grupo das Nações Unidas, a Comissão Internacional contra a Impunidade na Guatemala, declarou esperar que o caso transmita uma mensagem aos políticos locais corruptos -algo que ele descreveu como um problema presente em boa parte da América Latina.

"Seria negativo que alguém viesse conhecer Antigua e concluísse que a cidade é corrupta", disse José Victor Ordóñez, 79, natural da cidade e integrante do conselho do grupo cívico Salvemos Antigua.

Na verdade, na Guatemala a corrupção é vista como algo tão comum e corriqueiro que poucas pessoas questionam o pagamento de propinas ocasionais. Mas lideranças cívicas estavam achando cada vez mais difícil tolerar o prefeito.

Inicialmente, as lideranças civis o saudaram por ele ter restaurado parques e atendido às necessidades dos vilarejos mais pobres. Porém, muitas dúvidas surgiram no último ano.

"Tínhamos um bom diálogo", disse Luis Felipe Valdez Soto, um dos vários líderes da comunidade que pedem respostas. "Depois ele parou de falar comigo."

Repórteres locais começaram a fazer perguntas. Promotores abriram um inquérito, destituindo Vivar da imunidade que frequentemente protege líderes eleitos.

O prefeito tem seus defensores, ou, pelo menos, pessoas que acham que a importância do caso vem sendo exagerada e desconfiam que tudo não passe do de sempre: o uso do sistema judicial por políticos locais para acertar contas com políticos rivais.

"Vivar cometeu o erro de ser estúpido e está sendo cobrado por isso", disse o empresário Pablo Arroyave, cuja família vive em Antigua há gerações. "Mas não precisavam atacá-lo com tanta agressividade."

O prefeito continua na prisão. A visão prevalecente é a de que Antigua e a própria Guatemala estarão melhores quando o caso for julgado.

"Todo o mundo está satisfeito porque, finalmente, a justiça pode estar funcionando na Guatemala", diz Ordóñez.


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