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New York Times

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Peña Nieto promove a indústria no México

Por ELISABETH MALKIN e RANDAL C. ARCHIBOLD

QUERÉTARO, México - Recrutadores vieram procurar Andrés Cobos Marín, 22, prometendo a vida de seus sonhos.

Mas não eram os recrutadores que estão dando fama lamentável ao México, procurando pistoleiros e transportadores de drogas para o submundo criminoso. O que eles buscavam eram engenheiros jovens e talentosos para trabalhar no setor aeroespacial, que vem crescendo em Querétaro.

"As empresas vêm nos procurar, a gente não precisa ir atrás delas", contou Cobos, que em janeiro vai começar a trabalhar para uma companhia espanhola.

Aqui e em outros bolsões mexicanos há fartura de oportunidades de trabalho qualificado. As fábricas criam produtos cada vez mais sofisticados e as famílias adotam um estilo de vida de classe média.

Esse lado do México é o que o novo presidente do país, Enrique Peña Nieto, destacou quando teve um encontro com o presidente Obama em novembro, no momento em que procura modificar as relações de seu país com os Estados Unidos, visando promover a economia e abrir o comércio.

Peña Nieto, que tomou posse em 1° de dezembro, discutiu vários assuntos com Obama, incluindo o papel do México na Parceria Trans-Pacífica, um acordo comercial que está sendo redigido entre países asiáticos e do hemisfério ocidental.

Os assessores do presidente dizem que vão continuar a colaborar estreitamente com os EUA no combate às drogas e ao crime organizado, e Peña Nieto prometeu aos mexicanos que vai reduzir a violência ligada ao narcotráfico.

Mas ele já deixou claro que a imagem de pobreza que o México tem no exterior prejudica o crescimento do país. Sua equipe pretende lançar uma campanha para modernizar os acordos comerciais, acelerar ou construir novos pontos de travessia da fronteira para finalidades comerciais, buscar investimentos estrangeiros para explorar as amplas e recém-descobertas reservas de gás de xisto próximas da fronteira com os EUA e gerar mais empregos de qualidade, como os que existem em Querétaro.

No ano passado, a economia mexicana cresceu mais do que a do Brasil, e a previsão é que a façanha se repita neste ano. Empresas que tinham transferido sua produção do México para a China estão começando a voltar, à medida que o desnível salarial se reduz e que aumentam os custos do transporte e outros. A manufatura automotiva, por exemplo, está em crescimento, com várias fábricas novas.

O aumento das oportunidades para os mexicanos em seu próprio país, e não apenas o enfraquecimento da economia americana e o policiamento mais rígido na fronteira, contribuiu para uma queda importante na imigração ilegal nos últimos anos.

Um relatório recente do Banco Mundial observou que a mobilidade social no país ainda é baixa. Quase 30% dos trabalhadores mexicanos atuam na economia informal, sem benefícios ou proteção alguma.

Peña Nieto prometeu reescrever as leis tributárias, abrir o setor petrolífero estatal para investidores privados e impor limites aos poderosos monopólios mexicanos. Seu partido concordou com mudanças abrangentes no código trabalhista que, segundo analistas, podem abrir milhares de vagas de trabalho.

Na última década, o Estado de Querétaro emergiu como um dos lugares de maior segurança no país e um centro de produção de eletrodomésticos, de autopeças e agora do setor aeroespacial, que já atraiu mais de US$ 1 bilhão em investimentos.

Os empregos no setor industrial empurraram o crescimento do Estado e elevaram os salários para entre os maiores do país.

Com os custos da mão de obra e dos transportes subindo na Ásia, "muitas empresas manufatureiras estão perguntando 'como podemos fazer diferente?'", disse Pierre Baudoin, executivo-chefe da Bombardier, multinacional que se instalou na região. "Hoje, alguns Estados mexicanos já têm consciência disso."

O presidente Peña Nieto ainda não tratou especificamente de como os êxitos de Querétaro poderão ser reproduzidos no resto do país. Algumas cidades na fronteira com os Estados Unidos que possuem atividade manufatureira robusta ainda assim se tornaram alguns dos lugares mais violentos do México, pois a polícia e o Judiciário não tinham força suficiente para impedir a atividade dos grupos criminosos.

Analistas dizem que o presidente precisa focar tanto a economia quanto a segurança.

"A imagem que os EUA têm do México está desatualizada e é enviesada em direção à violência", comentou Robert A. Pastor, da American University, em Washington.

"A economia está crescendo. Se Peña Nieto conseguir mudar a estratégia em relação aos cartéis e reduzir a violência, ela vai crescer ainda mais."


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