Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

New York Times

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Em breve, autoguiado será banal

JOHN MARKOFF SOMINI SENGUPTA

PALO ALTO, Califórnia - Jesse Levinson não se preocupa muito quando dirige seu protótipo do Volkswagen Passat pelo campus da Universidade Stanford, nos Estados Unidos.

Um sistema de visão informatizada que ele ajudou a criar observa sem piscar os pedestres e ciclistas, automaticamente diminuindo a velocidade do carro e acionando os freios quando eles entram no seu caminho.

Em breve, poucos motoristas precisarão se preocupar com acidentes e colisões, seja em rodovias vazias ou em vias congestionadas -ao menos essa é a aposta das empresas de tecnologia e das fábricas de automóveis.

Mesmo hoje em dia, os motoristas já beneficiam-se de diversos sistemas de segurança, e muitos outros estão sendo desenvolvidos para que dirigir deixe de ser uma atividade manual para se tornar algo mais semelhante a um maestro regendo uma orquestra.

Atualmente, diversos sensores ópticos e radares monitoram o entorno de um crescente número de veículos no mundo todo e, em alguns casos, observam até mesmo o estado físico da pessoa que está dirigindo.

Sistemas de detecção de pedestres como o testado por Levinson -que trabalha no Centro de Pesquisas Automotivas de Stanford- já equipam carros de luxo e estão sendo incorporados a alguns modelos médios. O sistema oferece alertas auditivos, visuais e mecânicos caso uma colisão seja iminente e, cada vez mais, quando necessário, realizam automaticamente manobras evasivas.

Até meados desta década, sob certas condições, eles vão assumir completamente a condução do veículo, tanto em alta quanto em baixa velocidade.

Mas o novo sistema deve, bem antes da chegada dos veículos completamente autônomos, alterar fundamentalmente o jeito de dirigir.

"Essa é realmente uma ponte", disse Ragunathan Rajkumar, professor de ciência da computação que comanda um projeto de pesquisa sobre a condução automatizada de veículos na Universidade Carnegie Mellon, na Pensilvânia, financiado em parte pela General Motors.

"O motorista ainda está no controle. Mas, se o motorista não estiver fazendo a coisa certa, a tecnologia assume."

O modelo Autonomous Cadillac SRX, da Carnegie Mellon, é capaz de se guiar sozinho em vias públicas, detectar e parar para pedestres e se comunicar com a sinalização de trânsito.

Várias dúvidas jurídicas e atuariais já surgiram, e os pesquisadores estão abrindo uma nova linha de estudos acerca de como os humanos interagem com os sistemas automáticos.

Os sistemas de segurança são resultado dos rápidos avanços nos algoritmos informáticos e da dramática queda de preço dos sensores.

Quatro fabricantes -Volvo, BMW, Audi e Mercedes- já anunciaram que passarão ainda neste ano a oferecer modelos equipados com sensores e softwares que permitirão ao carro se autoguiar em situações de tráfego intenso a até 60 km/h.

Os sistemas, conhecidos como Traffic Jam Assist [assistência para engarrafamentos], vai acompanhar o carro da frente e automaticamente desacelerar ou acelerar conforme for necessário, manejando freio e direção.

Em velocidades maiores, o sistema Super Cruise, da Cadillac, serve para viagens em rodovias, mantendo o carro em uma faixa e ajustando a velocidade conforme o tráfego.

Ações como virar a direção, frear e acelerar já são cada vez mais confiadas a softwares.

"As pessoas não percebem que, quando elas pisam em freios ABS, é simplesmente uma sugestão para que o carro pare", disse Clifford Nass, um dos diretores do Centro de Pesquisas Automotivas de Stanford. Cabe ao sistema definir como e quando o carro irá parar.

A inovação automotiva tem sido estimulada pela crescente evidência de que tecnologias existentes, como freios ABS e o controle eletrônico de estabilidade, já salvaram dezenas de milhares de vidas.

Em novembro do ano passado, a Comissão Nacional de Segurança dos Transportes dos EUA recomendou que todos os carros novos estejam equipados com tecnologias anticolisão.

A Administração Nacional de Segurança do Tráfego Rodoviário dos EUA recentemente informou que um desses sistemas, o controle eletrônico de estabilidade (ESC, na sigla em inglês), que detecta digitalmente a perda de tração e a compensa automaticamente, evitou 2.202 mortes de 2008 a 2010.

As tecnologias antiacidentes ganharam força desde 2010, com a notícia de que o Google tinha um programa secreto para carros autoguiados. O Google não disse se pretende vender seus veículos. No entanto, a empresa faz lobby ativamente por leis que legalizem os automóveis autônomos em vários Estados.

A rapidez na adoção dos novos sistemas de segurança também deve-se ao empenho de fabricantes de componentes, como a Bosch e a israelense Mobileye, que produz câmeras instaladas em espelhos retrovisores, voltadas para frente.

Disse Rajkumar: "Com o tempo, conforme a sociedade ficar mais confortável com essa ideia e as preocupações jurídicas forem resolvidas, a autonomia completa irá ser prática, inevitável e necessária".


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página