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New York Times

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Grace Coddington

Editora criativa da "Vogue" foge dos holofotes

Por ALEXANDRA JACOBS

"Não sou boa com palavras", diz Grace Coddington.

A diretora criativa há anos da "Vogue" explicava o medo que sentiu na turnê de promoção de seu livro de memórias recém-lançado, "Grace". A editora Random House teria desembolsado US$ 1,2 milhão pelo livro e, compreensivelmente, estava ansiosa por proteger seu investimento.

"A editora me treinou para lidar com a mídia", contou Grace em Nova York.

"Eu fui um fracasso total. Eles diziam: 'Você não pode falar isso, não pode falar aquilo, não é politicamente correto dizer tal coisa, não fale palavrões'. Mas eu sou boca suja!"

Foram a franqueza e a profanidade de Coddington, além de suas divergências com Anna Wintour, a editora-chefe da "Vogue", que primeiro chamaram a atenção pública para a diretora criativa, no verão de 2009, quando ela emergiu como a estrela inesperada do documentário "The September Issue", de R.J. Cutler, sobre a revista.

Defendendo roupas pouco convencionais, como um suéter com aplique de "mãos de jazz" cor-de-rosa, opondo-se a que a barriga saliente de um cinegrafista fosse deletada do filme e batendo de frente com Anna Wintour, de uma maneira que poucos parecem ousar fazer, Coddington emergiu como o símbolo da integridade artística num setor altamente volúvel.

"A vida é irônica, não é?", disse Coddington. No início de seu livro, ela descreve como sentiu uma afinidade repentina e inesperada com os Beatles e Paris Hilton depois que "The September Issue" foi exibido.

Coddington disse que o mundo da moda, antes um "vilarejo" em que todos se conheciam, transformou-se numa megalópole.

Já Wintour foi mais moderada em seus comentários sobre as consequências do filme. "Todos nós do mundo da moda sabemos que Grace é uma estrela", disse a editora-chefe.

"E agora ela virou uma figura nacional, mundial. Acho maravilhoso ela estar recebendo esse reconhecimento e admiração, mas não é algo que ela busca ou que tenha buscado, nunca."

O trabalho de Coddington é feito nos bastidores, idealizando, montando e supervisionando sessões de fotos dos maiores fotógrafos do mundo da moda. Seus layouts, repletos de melancolia, também incluem toques de bizarrice, como Stella Tennant mergulhando numa piscina de roupa de tweed e botas de chuva (Arthur Elgort, 1995) e Natalia Vodianova encarnando Alice no País das Maravilhas (Annie Leibovitz, 2003).

Grace Coddington escapou de Anglesey, uma ilha ao largo do País de Gales onde ela nasceu 71 anos atrás, matriculando-se na escola de modelos de Cherry Marshall, na Grosvenor Street, em Londres.

Ela desabrochou nos anos 1960, os "swinging 60s". Conhecida pelo apelido The Cod, saiu com Mick Jagger, frequentou boates parisienses usando as roupas angulares do estilo "mod" e cortou o cabelo no estilo "five-point" de Vidal Sassoon.

Quando a idade a impediu de continuar sendo modelo, Coddington foi trabalhar como stylist na "Vogue" britânica, onde desenvolveu os métodos ecléticos e práticos que se tornariam sua marca registrada.

Embora afirme em seu livro que deseja que todos tenham simpatia a ela, "desde o carteiro até o homem da lavanderia", ela demonstra prazer ao fazer críticas a outros, descrevendo a irritação de Madonna quando lhe pediram que usasse um chapéu que parecia "um bolo de creme" e qualificando de "frescos" os estilistas Viktor & Rolf.

O que ela pensa dos jovens estilistas em ascensão hoje? "Acho que eles precisam de tempo", respondeu Coddington.

Para ela, não seria ruim para estilistas jovens, ou para qualquer pessoa, na realidade, "que algumas coisinhas em sua vida dessem errado".

"Odeio dizê-lo, mas a verdade é que isso ensina muito à pessoa."


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