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New York Times

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Filme liga assassinato a remédios

Por MICHAEL CIEPLY

LOS ANGELES - Informações de segurança importantes: as reações adversas possíveis ligadas a este produto incluem boca seca, náuseas, dor de cabeça, ansiedade, insônia...e assassinato?

Era apenas uma questão de tempo até Hollywood, onde os antidepressivos são tão comuns quanto balas de menta depois do jantar, converter os medicamentos em tema de um suspense.

Intitulado "Side Effects" (efeitos colaterais), o filme em questão é dirigido por Steven Soderbergh e vai estrear entre fevereiro e abril. O elenco inclui Rooney Mara, Jude Law, Channing Tatum e Catherine Zeta-Jones.

O lançamento veio acompanhado de seu próprio "efeito colateral": o anúncio feito por Soderbergh, diretor altamente prolífico desde a estreia de "Sexo, Mentiras e Videoteipe", de 1989, de que "Side Effects" será seu último filme.

Falando ao telefone de Nova York, ele disse que agora vai ocupar o seu tempo pintando, escrevendo livros e criando obras para o teatro ou a televisão. "Será meu último filme por muito tempo."

Sua intenção com "Side Effects" foi criar um thriller clássico dentro do contexto de uma medicina psiquiátrica que já se tornou profundamente familiar para dezenas de milhões de pessoas que tomam medicamentos psicotrópicos. Zoloft, Prozac, Wellbutrin, Effexor -todos são citados nominalmente no filme.

Emily Taylor (Rooney Mara) vem esperando fielmente pela volta de seu marido (Channing Tatum), encarcerado por negociar ações com base em informações privilegiadas.

Ela está feliz, mas ansiosa, e sofre de depressão.

Um psiquiatra de Manhattan (Jude Law) lhe receita Ablixa, um medicamento fictício, mas que representa com fidelidade os reais.

Mas as coisas dão errado. Exatamente como as bulas dos remédios advertem.

"Já vi pessoas passando por efeitos colaterais desses medicamentos, efeitos que as levam a fazer todo tipo de coisa", comentou o psiquiatra Sasha Bardey, instrutor clínico no Centro Médico Langone, da Universidade de Nova York, e coprodutor de "Side Effects".

Na realidade, a trama do filme nasceu das experiências vividas por Bardey na enfermaria para detentos do Bellevue Hospital, em Nova York.

"Vivemos num mundo em que todos querem uma solução instantânea de seus problemas", disse o psiquiatra. A proliferação de antidepressivos multiplicou tremendamente os efeitos negativos dessas drogas sobre pessoas que, dez anos atrás, talvez não tivessem sido consideradas doentes o suficiente para precisar delas.

A recepção que o mundo médico dará a "Side Effects" talvez dependa de se os médicos e outras pessoas irão prestar a devida atenção à trama, que inclui uma pista semiescondida.

Um médico que assistiu ao filme em Nova York quase abandonou o cinema antes do fim do filme, até que, de repente, entendeu o rumo da história.

Bardey reconhece que o filme apresenta uma situação improvável, embora não impossível, em que o personagem de Jude Law continua a tratar uma paciente ao mesmo tempo em que atua como testemunha perita no julgamento criminal dela.

Mas Scott Z. Burns, autor do roteiro de "Side Effects", disse que essa improbabilidade faz parte da diversão de uma história que quer trazer à mente thrillers provocantes como "Atração Fatal" e "Instinto Selvagem".

"Essa é minha tentativa de criar um noir moderno", explicou.

Soderbergh comentou que sua própria experiência com psicotrópicos se limita ao betabloqueador Inderal, que, depois de ouvir recomendações de outro diretor de cinema, já usou para reduzir sua ansiedade antes de dar palestras. "É uma droga milagrosa", disse.


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