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New York Times

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Hollywood interfere na Broadway

Por PATRICK HEALY

Scarlett Johansson sabia que "Gata em Teto de Zinco Quente" tinha ganho novas montagens na Broadway em 2008 e em 2003. Mas ela não se importou com isso. A atriz queria representar a famosa Maggie, a Gata, na peça de Tennessee Williams. A Broadway não hesitou em satisfazer seu desejo.

"Determinados atores e atrizes acrescentam grande atratividade a um projeto, e Scarlett faz parte desse grupo", comentou o produtor do espetáculo, Stuart Thompson. Com a atriz no elenco, Thompson levantou US$ 3,6 milhões.

A terceira produção de "Gata em Teto de Zinco Quente" em uma década estreou em janeiro -com bilheteria forte, embora a recepção crítica venha sendo ambígua.

Astros de Hollywood, como Johansson e Al Pacino, hoje estão tendo um poder de decisão maior do que nunca, levando de volta aos palcos peças que tinham sido vistas na Broadway apenas poucos anos antes e, em alguns casos, impedindo que novos trabalhos cheguem a ser produzidos.

Cada vez mais, esses atores e seus agentes definem o número de apresentações semanais das produções (normalmente apenas 14), os salários (US$ 100 mil por semana não é um valor inusitado) e os dias de folga (caso eles precisem divulgar um filme ou comparecer a uma cerimônia de premiação).

A próxima produção na lista é "Esperando Godot", com Patrick Stewart e Ian McKellen, que voltará à Broadway no segundo semestre deste ano, após uma ausência de apenas quatro anos.

"O que me deprime é que isso resulta na escassez de trabalhos novos e ousados aparecendo sazonalmente nos palcos da Broadway", comentou Jack O'Brien, diretor de peças e musicais.

Ele próprio dirigiu Katie Holmes em "Dead Accounts" na Broadway, no ano passado, em uma peça inédita. A iniciativa fracassou nas bilheterias, chamando a atenção para os riscos que atores famosos enfrentam quando encaram trabalhos inéditos. Contrastando com isso, a atriz indicada ao Oscar Jessica Chastain atualmente participa do "revival" do clássico "The Heiress" ("Tarde Demais") -a peça acaba de começar a render lucros.

A presença de atores famosos gera demanda pelos melhores lugares nos teatros, que podem custar de US$ 200 a US$ 300 e são cruciais para a rentabilidade de uma produção.

O diretor de escolha de elenco Bernard Tel-sey conta que, desde a grande recessão de 2008 e 2009, mais atores famosos chegaram a uma posição invejável. "Chamar grandes nomes para atuar na Broadway virou uma necessidade para atrair o público, que ficou mais seletivo e está comprando menos ingressos", explicou.

"Glengarry Glen Ross" ("O Sucesso a Qualquer Preço") também esteve na Broadway recentemente, em 2005. Mas a peça retornou no outono do ano passado porque Al Pacino queria representar um dos papéis principais, o do vendedor idoso Shelly Levene. O produtor Jeffrey Richards ficou feliz em atender o pedido e concordou em pagar US$ 120 mil por semana a Al Pacino, um dos maiores salários já pagos a um ator em uma peça.

Richards comentou que, no passado, os produtores da Broadway escolhiam os espetáculos e seus elencos, mas que hoje os preços cada vez mais altos dos ingressos deixam a Broadway à mercê dos astros. "Mas é preciso que sejam os astros certos."

Muitos críticos mostraram pouco entusiasmo por Al Pacino, mas a produção, que custou US$ 3,3 milhões, foi um sucesso comercial.

Com produtores optando por "revivals" com grandes nomes, alguns estão deixando de investir em novos trabalhos. Richards trouxe "Glengarry" de volta na mesma temporada em que iria produzir uma nova peça, "Detroit", finalista para o prêmio Pulitzer que acabou sendo produzida fora da Broadway.

Johansson comentou que muitos atores sonham com determinados papéis. "Estou com a idade certa para fazer Maggie. Essa era minha hora", disse. E se a atriz tivesse proposto uma peça que não fosse condizente com ela? "Gosto de pensar que eu teria dito 'não'", respondeu Thompson. "Mas, na realidade, não sei o que eu faria."


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