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New York Times

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Detecção de meteoros estimula empresários

Por WILLIAM J. BROAD

Há décadas, os cientistas procuram objetos mortíferos vindos do espaço que poderiam devastar o planeta.

Porém, as advertências de que eles não possuíam os instrumentos necessários para detectar as ameaças mais sérias foram, em geral, ignoradas.

Não são mais. O meteoro que abalou a Sibéria em 15 de fevereiro, ferindo centenas de pessoas e traumatizando milhares, subitamente deu nova vida às iniciativas para a construção de instrumentos de detecção adequados, especialmente um telescópio que rastrearia o sistema solar em busca de riscos.

Um grupo de jovens empresários do Vale do Silício que ajudou a construir empresas pujantes como o eBay, o Google e o Facebook já aplicou milhões de dólares nessa iniciativa e viu a onda de choque na Rússia como uma oportunidade para levantar mais centenas de milhões.

"Não seria tolo se fôssemos arrasados porque não estávamos olhando?", disse Edward Lu, ex-astronauta da Nasa e executivo do Google que lidera o esforço de detecção.

O grupo do doutor Lu, sediado em Mountain View, na Califórnia, e chamado de Fundação B612 por causa do asteroide imaginário do Pequeno Príncipe, é uma das várias equipes que buscam maneiras de evitar ameaças extraterrestres. A Nasa é outra, e mais grupos privados estão surgindo, como o Planetary Resources, que quer não apenas identificar asteroides próximos da Terra, mas também eliminá-los.

O lento despertar para o perigo começou há muito tempo, quando cientistas encontraram centenas de cicatrizes rochosas que indicavam que invasores cósmicos haviam modificado o planeta.

As descobertas incluíam não apenas características óbvias, como a Cratera do Meteoro, no Arizona, mas vastas áreas de comoção geológica.

Uma cratera com mais de 160 quilômetros de largura abaixo da península de Yucatán, no México, sugere que 65 milhões de anos atrás uma rocha em alta velocidade vinda do espaço causou um caos planetário suficiente para pôr fim ao reinado dos dinossauros.

Algumas pessoas continuam céticas sobre a ameaça cósmica e preferem que o dinheiro dos contribuintes vá para problemas urgentes na Terra.

Mas muitos cientistas que examinaram essas questões estão convencidos de que melhores precauções são garantias necessárias, assim como proprietários de casas compram seguros para eventos improváveis que podem resultar em graves danos à vida e à propriedade.

A partir dos anos 1980 e 1990, astrônomos voltaram aos seus telescópios para o céu com maior vigor em busca de rochas fatais. O raciocínio era estatístico. Eles sabiam de diversos casos de quase acidentes e calcularam que muitas outras rochas girando pelo Sistema Solar tinham passado despercebidas.

Em 1996, sem muito alarde, a Força Aérea americana também começou a vasculhar o céu em busca de rochas, dando credibilidade a uma atividade antes reservada aos entusiastas do Juízo Final.

A Nasa assumiu um papel de líder com o que chamou de Pesquisa de Proteção Espacial. Em 2007, ela emitiu um relatório que estimava que 20 mil asteroides e cometas orbitam suficientemente perto do planeta para aplicar golpes capazes de destruir cidades ou mesmo eliminar toda a vida. Hoje a Nasa apoia telescópios modestos no sudoeste dos Estados Unidos e no Havaí, que fazem mais de 95% das descobertas de objetos que se aproximam da Terra.

Os cientistas querem um telescópio que fique acima dos efeitos de distorção da atmosfera terrestre, onde teria maior probabilidade de localizar grandes rochas espaciais.

Mas, com o país mergulhado em duas guerras e outras prioridades terrenas, o financiamento do governo nunca se materializou. No ano passado, o doutor Lu, que deixou o corpo de astronautas da Nasa em 2007 para trabalhar no Google, uniu-se aos veteranos do programa espacial e a empresários do Vale do Silício para acelerar a caça aos asteroides.

A Fundação B612 diz que o telescópio que planeja será a primeira missão privada do mundo ao espaço profundo.

O plano é lançar um grande telescópio conhecido como Sentinel, capaz de encontrar 90% dos asteroides com mais de 140 metros de diâmetro que passam pela região da Terra no Sistema Solar. A fundação também quer descobrir asteroides com diâmetro de apenas 30 metros. Estes são muito maiores do que o meteoro que atingiu a atmosfera sobre a Rússia.

O doutor Lu disse que o custo total da missão é estimado hoje em US$ 450 milhões. O grupo, longe dessa meta, vem pedindo dinheiro aos cidadãos.

James Green, diretor de ciência planetária na Nasa, disse que ela está se preparando para lançar uma missão em 2016 que voará até um asteroide e, em 2023, retornará à Terra com uma amostra para análises detalhadas.

"Se quisermos proteger o planeta, precisamos conhecer o inimigo", disse. "É preciso chegar perto e encará-lo."


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