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Opinião

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José Maria Marin

TENDÊNCIAS/DEBATES

O assunto é: Vladimir Herzog

Campanha sórdida

É calúnia e difamação dizerem que fui responsável pela morte de Herzog. Princípios republicanos sempre me guiaram

"Nobre deputado Wadih Helu, realmente o assunto levantado por V. Exa. nessa tribuna deve merecer uma atenção toda especial não só desta Casa, mas, principalmente, por parte do sr. secretário de Estado da Cultura e por parte do sr. governador do Estado." ("Diário Oficial do Estado de São Paulo", em 9/10/1975, p. 62.)

É uma calúnia e difamação declararem que fui responsável pela tortura e morte do jornalista Vladimir Herzog. E explico por quê. Em outubro de 1975 -38 anos atrás-, como deputado estadual, solicitei o aparte acima ao discurso que fazia o então deputado Wadih Helu para chamar a atenção de nossos governantes sobre o jornalismo parcial que, no meu entendimento, ocorria na TV Cultura.

Pedi providências do então secretário da Cultura, José Mindlin, e do próprio governador, Paulo Egydio, para esclarecer o sucateamento que ocorria em uma das poucas emissoras em que, à época, havia programas voltados à boa informação educacional e cultural para o povo paulista. Nada mais. Nesse aparte não pronunciei o nome de ninguém e me limitei apenas ao que a mídia comentava.

Os lamentáveis fatos que aconteceram depois nada têm a ver comigo, como insistem alguns. Só mentes doentias e perversas, ou cegas pela paixão, podem ver nessa simples recomendação qualquer acusação nesse ou naquele sentido.

Ou, pior, sustentar que dessa manifestação parlamentar possa ter nascido qualquer outra consequência, a não ser a simples apuração do motivo por que a TV Cultura havia interrompido a divulgação das obras e realizações feitas pelos governos estadual e municipal. Esse era o único objeto do discurso de Helu.

Nos anos que se sucederam, desempenhei cargos de significativa importância, como vice-governador de São Paulo, presidente da Federação Paulista de Futebol e governador de São Paulo no biênio de 1982-83. Tinha, portanto, visibilidade e, apesar disso, não sofri nenhuma crítica ou menção de que eu havia sido "responsável" pela morte de Herzog.

Um discurso genérico, feito numa Assembleia Legislativa, jamais poderia ter gerado coisa alguma, quanto menos uma prisão 20 dias depois. Mais: é sabido por todos que atuavam naqueles tempos que os deputados não tinham o menor poder sobre os órgãos de Estado.

Na época do regime militar, eu era, sim, deputado de um partido governista, tanto quanto muitos outros políticos que hoje apoiam o governo federal. Nem por isso esse ou aquele pode sofrer injustas ou agressivas acusações pelo histórico de vida pública que possuem. Ninguém deve negar a própria biografia. E a minha vida pública sempre foi -em todos os momentos- pautada pelos princípios republicanos que até hoje me guiam.

Quem faz de conta ignorar a história do Brasil não pode impunemente me caluniar ou difamar. Tenho orgulho de ter governado o maior Estado da Federação e, dentre tantas atitudes ali adotadas, ter extinguido o Dops de São Paulo e transmitido o cargo ao governador Franco Montoro, meu sucessor, de forma absolutamente democrática. Aprendi que liberdade e justiça devem andar lado a lado.

A minha atenção hoje está totalmente voltada ao futebol brasileiro. O meu maior desejo é cumprir com as minhas responsabilidades à frente da CBF. E, principalmente, conquistar a Copa das Confederações e o tão sonhado hexacampeonato na Copa do Mundo de 2014. Não estou medindo esforços.

Cheguei aos 80 anos com a certeza de que cumpri e continuo cumprindo decentemente todas as missões que me foram confiadas, sem nenhum arrependimento. Não permitirei que mentiras repetidas à exaustão pareçam verdades aos olhos de alguns. Hoje penso, respiro e vivo o futebol brasileiro 24 horas por dia. Assim é a minha vida e a minha história.


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