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Prefeitura "soft"

O estrategista norte-americano Joseph Nye Jr. tornou famoso o conceito de "soft power" no estudo das relações internacionais. Trata-se, em resumo, da capacidade de um país de exercer sua influência no plano moral, cultural e ideológico, em contraste com o recurso à ameaça e à intervenção armada.

Algo semelhante, "mutatis mutandis", poderia ser aplicado à lógica administrativa de uma grande cidade. Vastas obras viárias, novas escolas, creches e hospitais corresponderiam ao lado mais "duro", concreto, das atividades de uma prefeitura municipal.

Em outro polo estariam aquelas iniciativas que, sem ser necessariamente propagandísticas, incidiriam sobre as normas, os comportamentos e os modos de convívio no espaço urbano.

A Lei Cidade Limpa, na gestão de Gilberto Kassab (PSD), exemplifica o potencial de popularidade de que se cercam medidas desse tipo em São Paulo. Também a administração Fernando Haddad (PT) vem procurando, ao que parece, novas áreas em que iniciativas "soft" possam ser aplicadas.

Contando com ampla maioria na Câmara Municipal, o prefeito aposta em medidas como o fim da taxa de inspeção veicular para carros aprovados pela fiscalização e a extinção da obrigatoriedade para os automóveis com até três anos de fabricação.

Outras iniciativas desregulamentadoras são a permissão para que bancas de jornal voltem a vender produtos alimentícios e de conveniência --proposta do vereador petista José Américo, já aprovada na Câmara-- e a maior flexibilidade, que já teve efeitos nos festejos deste ano, para a realização do Carnaval de rua na cidade.

São iniciativas de pequena monta, mas que apontam para uma despoluição burocrática. Nem todas as realizações do "soft power" urbano merecem, entretanto, apoio incondicional. Inscrevem-se nesse conceito, mas têm resultados problemáticos, os frequentes incentivos ao uso de bicicletas nas ciclofaixas de final de semana.

Ocorre de muitas vezes o apoio ao ciclista se tornar um empecilho a mais na circulação não apenas de carros particulares, como também de ônibus. Sem contar que, oscilando entre o ato de manifestação política, o lazer e o transporte, o ciclismo na via pública tende a ignorar o risco óbvio de acidentes.

Eis um caso em que um pouco de "hard power", isto é, de obras viárias alternativas, como a construção de ciclovias permanentes e seguras, combinaria bem com o efeito propagandístico e simpático dessa outra política municipal.


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