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Juros moderados

BC opta pela prudência ao elevar a taxa Selic em apenas 0,25 ponto percentual e sinalizar autonomia perante o Planalto e o mercado

Acuado pela piora do quadro inflacionário e pela erosão da confiança em sua autonomia, o Banco Central se viu compelido a desferir um golpe na imagem de leniência com sua missão institucional.

Acertadamente, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu-se por aumento moderado da taxa básica de juros (Selic), de 0,25 ponto percentual, elevando-a a 7,5%.

A alta foi aprovada por seis votos a dois. Os dissidentes votaram pela manutenção da taxa Selic. Foi uma surpresa para analistas de mercado, que esperavam uma decisão unânime; a discordância, se houvesse, seria quanto a um aperto ainda maior, de meio ponto.

O BC preferiu o caminho da cautela. De um lado, enfrenta o aumento da inércia inflacionária, sobretudo no setor de serviços, cujos preços continuam subindo acima de 8% ao ano, o que recomendava uma alta de juros para refrear crédito e consumo. De outro, tal como salientado no comunicado do Copom, as incertezas externas e internas seguem muito elevadas, a recomendar parcimônia.

Nas últimas semanas o ambiente internacional piorou. O FMI, por exemplo, reduziu nesta semana sua projeção para o crescimento da economia mundial de 3,5% para 3,3%. Os últimos dados de emprego nos Estados Unidos foram menos animadores; na Europa, prossegue o quadro recessivo; na China, a alta no PIB do primeiro trimestre ficou abaixo do esperado.

Uma consequência desse ambiente é a redução nos preços das commodities minerais, o que reduz um pouco os riscos inflacionários. Do lado dos alimentos, tampouco se espera a repetição da alta do ano passado, provocada pela quebra da safra americana.

Internamente, a atividade econômica não dá sinais de retomada vigorosa. Continua a letargia do crédito, e o investimento não deslanchou. Por isso, ainda é temerário contar que o crescimento do PIB seja maior que 3% neste ano.

A decisão do Copom por uma alta mais moderada que a prevista --mais que isso, pedida-- pelos financistas buscou um ponto de equilíbrio em meio às incertezas. Uma boa escolha, para o momento.

É preciso, porém, insistir na mensagem de que não haverá tolerância com a inflação. O Copom provavelmente elevará os juros ainda mais nas próximas reuniões, de forma moderada, na busca de firmar a âncora das expectativas. Por ora, parece ser o correto a fazer.

Falta consistência e convicção nas manifestações do governo sobre juros e inflação. Urge acabar com a cacofonia das autoridades, inclusive nas intervenções da presidente Dilma Rousseff. Até aqui, o Planalto mais atrapalha do que facilita o trabalho do BC.


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