Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Opinião

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

A espiral venezuelana

A política econômica populista de Hugo Chávez herdada por Nicolás Maduro já afeta até as empresas brasileiras. Reportagem do jornal "Valor Econômico" mostrou que a Venezuela tem uma dívida acumulada de cerca de US$ 1,5 bilhão com fornecedores do Brasil devido à escassez de dólares.

Tais atrasos não são novidade no comércio bilateral. Em junho de 2011, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva viajou em jato da Odebrecht a Caracas, onde teria ajudado a construtora a receber uma dívida de cerca de US$ 1 bilhão do governo venezuelano.

Agora, ao que parece, o problema se agrava. O histórico vício da economia venezuelana, dependente do petróleo para financiar suas importações, se aprofundou nos anos Chávez, dada a ineficiência das empresas estatizadas em fornecer produtos básicos.

Tampouco ajuda a "petrodiplomacia" chavista, que, entre outros acordos, envia 100 mil barris diários a Cuba em condições generosas. Além disso, parte da produção já está comprometida para o pagamento de vultosos empréstimos contraídos com a China.

Com a crescente falta de dólares, muitos itens importados desapareceram das prateleiras. As filas pioram sob Maduro. Foi o caso notório do papel higiênico, cuja falta recentemente exigiu uma compra emergencial de 50 milhões de rolos por parte do governo.

Para atender necessidades mais urgentes, a Cadivi (Comissão de Administração de Divisas) deixa para o final da fila o pagamento de produtos considerados mais supérfluos, como calçados e vestuário brasileiros, em meio ao atraso generalizado.

Além dos problemas econômicos, Maduro agora tem de enfrentar uma grave crise interna.

Em gravação vazada à imprensa, o apresentador de TV e ex-candidato a governador Mario Silva teria dito a um interlocutor cubano que um grupo de oficiais das Forças Armadas ligado ao presidente da Assembleia, Diosdado Cabello, conspira contra o governo. Na conversa por ele repudiada, Silva dizia que a Cadivi foi usada por Cabello para expatriar dinheiro por meio de empresas fantasmas.

As dificuldades herdadas por Maduro, que incluem ainda inflação alta e violência urbana, não param de crescer. Sem o carisma de Chávez, o inseguro presidente venezuelano demonstra pouca capacidade para administrá-los.

É um cenário desalentador para os primeiros meses de um longo mandato de seis anos.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página