Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Opinião

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Paula Cesarino Costa

Liberdade ainda que tardia

RIO DE JANEIRO - Eles e elas estão por toda a cidade. Nas praias, nas praças, nos cafés, nos teatros, nos botecos, nas ruas. Em grupos ou sozinhos. Sentados, com olhar perdido no horizonte sobre o mar azul, ou andando firme no calçadão. Jogando vôlei nas areias da praia ou baralho nas mesas das praças.

A cidade dos belos e saudáveis jovens que desfilam bronzeados é também a cidade dos que têm mais idade, belos ou não mais, saudáveis ou nem tanto, bronzeados ainda.

A atriz Betty Faria virou notícia simplesmente porque, aos 72, foi, como sempre faz, à praia de biquíni.

Segunda cidade com maior proporção de idosos (14,89% da população tem mais de 60 anos; só perde para Porto Alegre), o Rio tem algo que faz com que eles saiam à rua.

Onde estão e o que fazem os mais velhos em cidades como São Paulo? Parecem até ser poucos, porque escondidos dentro de casa, protegidos da metrópole que assusta e maltrata.

No Rio, elas estão nos ônibus, no metrô, subindo e descendo escadas. Sozinhas, em grupo, com acompanhantes e até com maridos. O tênis tornou a vida mais fácil e confortável, apesar de impor deselegância.

Em rostos enrugados, olhos brilham de interesse, mesmo que algo opacos. A velhinha de cabelos curtos e enrolados quer andar, olhar e conhecer. Outra sai de casa com seu cachorro a puxá-la, deixando dúvida sobre quem comanda quem. Muitas vão diariamente à praia, com biquíni de alguma década passada. Sem se importar em mostrar o corpo em que o tempo se diz presente.

Eles são mais enigmáticos. É raro vê-los alegres, quando sós. Mas por aqui se reúnem, a conversar, no boteco, no quiosque, na escola de samba.

Democracia etária no espaço público. De onde vem isso? Pouco importa. Da zona sul à zona norte, na praia ou no morro, eles e elas estão por aí a olhar a vida, ver as pessoas, ir à luta. E viver. Até o fim.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página