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Opinião

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Ruy Castro

Luta pela soberania

RIO DE JANEIRO - Que bom que a Fifa, no processo de anexação do Brasil aos seus domínios, concordou em abrir uma exceção e permitiu a venda do acarajé no entorno do estádio --"arena", em fifês-- da Fonte Nova, em Salvador. Como se sabe, a entidade a quem acabamos de entregar nossa soberania obriga a que, num raio de 2 km ao redor dos estádios onde se realizarão partidas da Copa das Confederações e do Mundo, só se possa consumir os produtos de seus patrocinadores McDonald's, Coca-Cola, cerveja Brahma ou Budweiser e chocolates Garoto.

O acarajé foi salvo pela justa grita dos baianos, mas não apenas terá de ser preparado em fogão elétrico, em vez do clássico fogareiro a querosene, como alguém na Fifa ousou sugerir que ele fosse levado pronto de casa e requentado pelas baianas no micro-ondas. A moção não emplacou, mas fez com que o acarajé só possa ser vendido nos quiosques oficiais, ao lado dos mortíferos hambúrgueres.

E se as outras cidades-sedes também se rebelassem e fizessem valer o direito de vender seus pratos típicos nas imediações dos estádios? Seria emocionante ver Belo Horizonte lutando pelo suã com arroz, a vaca atolada e o tutu com torresmo à porta do Mineirão; Natal, pela caranguejada, a paçoca de carne de sol e a buchada de bode na Arena das Dunas; Cuiabá, pelo pacu assado e o furrundu de mamão na Arena Pantanal.

Curitiba, pelo barreado, o bolinho de pinhão e a carne de onça na Arena da Baixada; Manaus, pelo tambaqui com molho de tucupi, o tacacá e a língua de pirarucu na Arena Amazonas; e o Rio, pelo bolinho de feijoada, a sardinha frita e o caldinho de siri no Maracanã.

A Fifa obrigou o Brasil a rasgar uma de suas próprias leis, a que proibia a venda de bebidas alcoólicas nos estádios. Pois, se estas agora estão liberadas, não faz sentido que se proíbam os tira-gostos.


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