Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Opinião

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Pragmatismo ambiental

Já passou o tempo em que a defesa do ambiente se apoiava só em convicções morais. Uma razão importante para conservar florestas, hoje, tem fundamento pragmático.

Biomas preservados ganham relevância econômica na medida em que se reconhecem os chamados serviços ecossistêmicos, como a manutenção do ciclo hidrológico (regularização de chuvas e de rios).

Identificar áreas para proteção é função de Estado, portanto. A administração da presidente Dilma Rousseff, contudo, tem dado baixa prioridade para a criação de unidades de conservação (UCs), como mostrou reportagem desta Folha.

Em dois anos e meio, Dilma decretou a instituição de apenas duas UCs, com área total de 43 mil hectares (ou 430 km², menos de um terço da área do município de São Paulo). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, só no segundo mandato, criou 23 UCs; no primeiro, haviam sido 54 --um recorde de 20 milhões de hectares.

A quase totalidade das unidades legadas por Lula está na Amazônia, a metade menos ocupada do Brasil. A terra ali é mais barata, e criar um parque ou floresta nacional desperta menos oposição.

Estudos indicam que a expansão de UCs contribuiu com 37% da redução acentuada de desmatamento na região desde 2004. Basta declarar que uma área é federal para inibir a derrubada.

Nos últimos anos, porém, pouco se fez no domínio da mata atlântica, o bioma mais ameaçado do país (cerca de 90% já devastados). Precisamente nesse domínio estão as maiores cidades, algumas já com deficiências no abastecimento de água, como São Paulo.

Não por acaso ficam nessa região sete das 14 UCs em preparação que o governo federal mantém na gaveta. A terra é muito valorizada, pelo interesse que tem para o cultivo de cana e outras lavouras.

Se o país foi ousado na criação de unidades em governos recentes, quando era mais fácil fazê-lo, nem por isso é o caso de pender demais para o outro extremo e deixar de proteger o que precisa ser protegido. É uma questão de equilíbrio --e também de realismo.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página