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Opinião

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Roberto Luis Troster

TENDÊNCIAS/DEBATES

Novos blocos comerciais enfraquecem o Mercosul?

sim

Pátria Grande

Os primeiros passos para a construção de uma América Latina integrada foram dados pelos libertadores José de San Martín, da Argentina, e Simón Bolívar, da Venezuela, que expulsaram os colonizadores do continente. Compartiam o mesmo ideal, mas tinham visões opostas sobre o processo.

A visão sanmartiniana era a de um bloco continental integrado norteado por um marco institucional. A bolivariana era a de uma liderança pessoal forte conduzindo o processo. Foi a que prevaleceu, com uma abundância de caudilhos populistas que transformaram o sonho em pesadelo, retalhando o continente com lutas entre irmãos.

Quase dois séculos depois, o Mercosul despertou o projeto da Pátria Grande. Uruguai, Argentina, Paraguai e Brasil firmaram um acordo que era o embrião de uma América Latina focada em construir uma potência. Os planos iniciais eram audaciosos, incluíam até uma moeda única para o bloco, batizada de "gaucho". Outras partes do mundo tiveram projetos de integração, o mais conhecido foi o da União Europeia.

O Mercosul avançou em várias frentes como educação, cultura, turismo e pesquisa. Entretanto, na economia, a visão sanmartiniana foi mais uma vez derrotada. Os egos dos líderes pesaram mais. Registram-se poucos desenvolvimentos na sincronia das políticas macroeconômicas, minando as perspectivas do projeto. Os desequilíbrios são cada vez maiores. Agravando o quadro, por motivo torpe, o Paraguai, que agora será reintegrado, fora afastado do bloco e a Venezuela, convidada em seu lugar.

Se na costa do Atlântico, o cenário piorou, no outro lado do continente começou a se vislumbrar uma saída. Foi formada a Aliança do Pacífico em 2011. Peru e Chile, que já haviam travado uma guerra entre si no passado, juntos com Colômbia e México, puseram em prática o sonho de San Martín.

O grupo se autointitula a oitava economia do planeta, tem um projeto ambicioso de integração, já anunciou embaixadas comuns e tem dois países observadores, Costa Rica e Panamá, com intenções de participação. Trabalham a todo vapor no projeto.

Em dois anos, construíram mais do que o Mercosul em 20 e provaram que o sonho da Pátria Grande pode virar uma realidade. É uma oportunidade para ações e ambições.

Nesse sentido, a Câmara Argentina Brasil propôs a reintegração urgente do Paraguai ao Mercosul e avanços na integração. Há muitos ganhos a usufruir.

Novos acordos estão acontecendo em todo o planeta. São ferramentas potentes para crescer, atrair investimentos e abrir mercados. O mais importante é a intenção de um livre-comércio entre a União Europeia e os Estados Unidos, que pode mudar a economia mundial. Em todos os blocos, quanto maior e mais integrado, melhor. Urge reagir.

O momento permite que todo o Mercosul ambicione a integração com a Aliança do Pacífico e concretize a Pátria Grande. Faria da América Latina a terceira economia do mundo. É difícil que aconteça.

Lamentavelmente, a colonização ibérica foi substituída pela colonização populista. A boa notícia é que líderes de tal vertente já começaram a ser expulsos do outro lado da cordilheira dos Andes, libertando-o do atraso. Melhor só se isso acontecer do lado de cá das montanhas.


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