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Eduardo da Rocha Azevedo
O Jockey Club não é um azarão
A incerteza já causou perda de receita de R$ 6 milhões ao Jockey Club de São Paulo com a transferência de eventos para outros espaços
O Jockey Club de São Paulo, patrimônio cultural, ambiental e arquitetônico da população paulistana, disputa o mais importante grande prêmio de sua história de 138 anos: a corrida pela sobrevivência.
Numa raia permeada de obstáculos e de terreno tortuoso, como número de apostadores baixo, instalações sem manutenção, dívida imensa, ostracismo na mídia e falta de apoio do poder público, conseguiu avançar alguns corpos nos dois últimos anos, mas ainda está longe da vitória.
Nessa insólita carreira, reduziu em 24 meses para R$ 220 milhões uma dívida de R$ 400 milhões. Firmou acordo com a gestão anterior da Prefeitura de São Paulo de adimplência dos impostos e, em contrapartida, a adequação do valor do IPTU aos níveis cobrados dos demais clubes. Aguardamos a efetivação.
A solução dos problemas é imperiosa. O turfe movimenta R$ 360 milhões anualmente no Brasil e gera 4.000 empregos diretos e milhares em atividades correlatas.
Para seguir firme na pista, o Jockey precisa de fontes alternativas e permanentes de receitas, o que seria viável com sua consolidação como espaço de eventos. Seus diferenciais --estacionamentos internos, fácil acesso e ampla área-- foram demonstrados no Lollapalooza. Um dos maiores fenômenos de público da capital paulista, o festival de rock transcorreu em total ordem.
Em outros países, o turfe é apoiado e até subsidiado pelos governos, conscientes de seu poder de fomento ao turismo e à economia.
É nesse contexto que se insere o espaço cultural da empresa XYZ, em instalação no Jockey Club de São Paulo. As soluções são decisivas. A incerteza já causou perda de receita de R$ 6 milhões em eventos transferidos para outros locais.
Se permitirem que o Jockey Club de São Paulo siga sua carreira, ele deixará a areia pesada na qual corre e atropelará pela pista de grama, vencendo por muitos corpos a corrida por sua revitalização.